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terça-feira, 15 de novembro de 2011

REFLEXÃO

A PARÁBOLA DOS TALENTOS - Mt 25, 14-30

Desde sempre foi esta uma das Palavras que mais me inquietou!...

Mas também é esta Palavra que me faz reflectir na necessidade de ouvir, ler, pensar, meditar para aprofundar e enraizar o sentido da fé, pela compreensão cada vez maior da mensagem de Jesus Cristo para a vida do homem, e sempre sem a pretensão de pensar tê-la entendido definitivamente.

Que segredo este que faz a Palavra sempre Nova? Vêm as crises, passam as crises, passam gerações e a mensagem ajusta-se como escrita ou dita hoje, para mim, para cada um de nós, aqui, ali e em qualquer lugar. Só mesmo de Pai que conhece de tal modo os seus filhos, que dêem estes as voltas que derem, sempre serão descobertos nos seus comportamentos.

Até nós, dizemos aos nossos filhos quando eles se espantam com as nossas “adivinhações” dos seus actos ou das respectivas consequências e nos perguntam: “como é que sabias?!...” nós respondemos: “tenho um dedo que adivinha”.

Mas dizia que esta Palavra dos talentos sempre me inquietou de sobremaneira…desde a infância! Mas como, Senhor, podes condenar quem te presta contas, entregando-te exactamente tudo quanto lhe deste, e logo aquele que de Ti menos recebeu? Parecia-me cruel! E se a visão de um Deus exigente e castigador se sobrepunha ao Deus paciente e compassivo, essa parábola parecia reveladora!

Na medida da reflexão e da compreensão da Palavra à luz de um Deus do amor, à conta de tantas homilias, de tantos escritos, e na procura de todo o sentido da existência, perante a eloquência e a profundidade da Palavra, fui descobrindo a pequenez da minha compreensão e os obstáculos de ver mais longe.

Como somos contraditórios na nossa lógica! Mas então não nos comportamos nós segundo o princípio ambicioso do lucro máximo? Não colocamos os nossos depósitos, os nossos sonhos, os nossos …as nossas coisas entregues a quem nos devolver ou prometer em dobro, em triplo ou na medida da nossa ambição? Não damos na medida em que o outro nos dá?

Mas, naquele tempo de Jesus não havia bolsa de valores e por isso não era essa mensagem economicista que Ele nos queria transmitir não era também a condenação de quem lhe tinha prestado contas, mas a condenação do medo do Pai, do medo de arriscar, do medo que mata, que subjuga e indigna.

Em tom de oração, segredo aqui para meus irmãos, aqueles que também te chamam Pai, e mesmo para aqueles que, não Te reconhecendo como tal, te procuram de algum modo ou em qualquer caminho:

Senhor liberta-me do medo que bloqueia,
Do medo que anestesia,
Que não deixa ousar…Nem arriscar…
Ainda que erre…Ainda que perca
Pois só arriscando …perdendo ou ganhando!
Poderei encontrar e experimentar
O Teu amor e o Teu perdão!
Aquilo que realmente temo
É ser o servo inútil,
Aquele que enterra os talentos,
E com medo os esconde…para não os perder!
Que não toma o talento como seu,
Que siderado pelo medo,
Se torna, secreta e solitariamente, mero depositário!
Nada podendo perder, mas também
Nada podendo acrescentar…
Faz, Senhor, que livre do medo,
Tome o talento, ainda que seja um só!...
E o administre em favor de todos.
Que reconheça o pouco que tenho
E o pouco que sou
Porque esse pouco
De Ti o recebo
E o sou à Tua imagem.
Não me deixes ter medo…


Conceição Rocha

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