Com Abraão começa a história da esperança bíblica. O porvir garantido pela Promessa é simples: uma Terra, uma posteridade numerosa (cf. Gn 12,1). A esperança assume os contornos de uma esperança histórica: uma esperança para esta vida, seja do povo seja individual. Possuir a Deus significa possuir o futuro, a libertação da escravidão, uma terra, a derrota do inimigo, a vitória do justo. Mas será preciso evoluir para uma esperança melhor, para o desejo de uma pátria melhor (cf. Hb 11,16), uma pátria celestial. Para vencer a dúvida e continuar a acreditar, Abraão teve de sair do seu pequeno horizonte (“conduziu-o para fora”), teve de mudar a direção do olhar («olhas as estrelas») e não esquecer que o poder de Deus é grande. “Acreditou, o que lhe foi atribuído como justiça” (Rm 4,3). Confiou. Confiar-se a Deus é a única relação correta com Ele. A esperança de Abraão tornou-se decisiva e maior porque acreditou em Deus mesmo quando toda a esperança humana se esvaía por completo. A esperança não repousa em garantias ou sinais, mas só em Deus tem o seu fundamento. Chamado para Deus para encetar uma nova história, quando pensava que a sua já tinha terminado, Abraão entende o apelo divino como um desafio. A esperança abre novos horizontes, torna capazes de sonhar aquilo que nem sequer é imaginável.
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