Nem as
previsões menos favoráveis da meteorologia afastaram o entusiasmo do grupo dos Caminhos da Serra!...
Todos
estavam dispostos a enfrentar tudo, mesmo a chuva e o frio, para se porem ao
caminho e ouvir cada um o bater do seu coração e descobrir cada pormenor, cada
evidência, cada som ou cada mistério que, intimamente, lhe falará de Deus.
Mochilas às costas partimos à descoberta, numa atitude de
disponibilidade e de encontro com a natureza e de uns com os outros, que nem a chuva
era suficiente para nos deter.
A serra impunha-se-nos, grandiosa como sempre a temos
encontrado, vestida a rigor para os caminhantes que se dispõem a descobrir as
suas maravilhas!
Recortada por caminhos
que a serpenteiam, só mesmo os sinais ao longo de cada percurso nos podiam
apontar a direção certa, mesmo quando tudo parecia ser um labirinto que nos
deixaria perdidos, sem norte.
Entre penhascos e pedras, entre a chuva e o sol, entre
subidas que nos põem colados à serra como se encostados a uma parede, entre as
descidas escarpadas e molhadas que nos fazem cair, descobrimos os regatos, as
pequenas cascatas que cantam serra abaixo e se aninham serenamente no fundo da
serra, escorregando de mansinho com a missão de aumentar o caudal de qualquer
rio que há de correr mais adiante, descobrimos as outras encostas floridas,
matizadas de amarelo e rosa, salpicadas de branco e verde. Outras vezes,
pintadas de um tal amarelo, que nos faz imaginar que o sol ali se deita em
descanso.
E cada descida ou subida mais difícil levaria à descoberta
dos melhores tesouros que se escondem na serra imensa, como se fosse o prémio para
quem se dispõe a enfrentar obstáculos e não teme a sua imponência, enfrentando
as asperezas do caminho.
E é neste jogo contínuo entre a água tão fresca e cristalina,
suave e sempre jovem, numa correria imparável, e a velha serra de penedos duros
graníticos e de fragas deslizantes em lascas de xisto, que crescem as flores
silvestres de cores suaves, os tapetes de musgo em forma de estrelas, o
rosmaninho e os sargaços.
É como um cantar à desgarrada, entre a água e a pedra! As
encostas da serra vestem-se de cor e a água canta para embalar o seu sono
profundo enquanto vai modelando, polindo e amaciando algumas das suas fragas,
revelando-nos um pedacinho da paciência de Deus.
Subimos, descemos e apreciamos a beleza de ambas.
Queremos ser ponte e
ser parte desta sinfonia, desta harmonia, deste louvar ao Criador.
Abandonarmo-nos na contemplação desta beleza, deixar que ela
nos toque profundamente, será também uma forma de orar.
Terminou
a nossa caminhada na calma de Rio de Frades, nas fraldas da serra, onde o
silêncio é interrompido apenas pelo pequeno rio. Aí, encharcados e a tiritar de
frio, almoçámos abrigados num espaço muito típico, amigavelmente
disponibilizado.
Coincidentemente, à tardinha, houve a oportunidade de nesse
mesmo lugar surpreender o Sr. Pe. Paulo Teixeira e de, na alegria do reencontro
nesta época pascal, encher a pequenina capela dedicada a N.ª Sra dos Milagres, participando
na Eucaristia que ali é celebrada, de 15 em 15 dias.
As peripécias individuais e de grupo, as dificuldades e
muitas outras coisas ficarão nos arquivos da memória e no coração de cada um,
na sua singularidade, para acrescentar às suas vidas, mas sempre, com certeza,
irmanados no que a todos nos une- Jesus Ressuscitado!
14 de Abril de 2012
Texto e imagens de CR
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