Enquanto jovem,
o outono era para mim a estação do ano menos amada. A tristeza e a melancolia
que a sua cor e luminosidade me causavam eram indescritíveis, contrariamente ao
inverno que sempre vi como a estação da esperança, porque o frio, a chuva, a
neve e todo o despojamento da natureza convidavam ao aconchego e à espera da primavera
que sabíamos que ia chegar.
O habitar outros lugares e o adaptar ao ritmo do relógio leva-nos a estar mais alheados do ritmo natural do “girar” deste planeta azul, no “trânsito” ordenado do universo que o Pai cuida todos os dias, porque criado com amor e dedicação.
O habitar outros lugares e o adaptar ao ritmo do relógio leva-nos a estar mais alheados do ritmo natural do “girar” deste planeta azul, no “trânsito” ordenado do universo que o Pai cuida todos os dias, porque criado com amor e dedicação.
Diferentes
lugares e um ritmo urbano muito repetitivo levaram a que os dias do outono passassem
mais despercebidos e a que o visse por outros ângulos. E também com outro
olhar! Ou noutra perspetiva? Sim…porque a idade coloca-nos mais adiante, noutro
ponto do caminho, e assim mudando o ângulo de onde vemos, também muda o que
vemos.
Mas seja o que tenha mudado – a forma de olhar
ou o ponto de onde se olha – o facto é que hoje, pelo recanto da minha janela,
estendo o meu olhar até onde ela me deixa, e em dias de sol aprecio o dourado
da folhagem, num espaço verde próximo, ou quando posso ver o pôr-do-sol, aprecio
como ele doura o mar e o horizonte, permitindo ver a lua e as estrelas quase
parecendo que outro mar se avista.
Em face da
grandeza da tela, da quantidade de tinta, da variedade e beleza da palete de
cores, e mesmo nos dias em que a chuva canta e embala, e o vento tudo abana e
empurra, no divagar do pensamento, em frente de qualquer vidraça, dou por mim a
descobrir a marca do Criador, tal como se reconhece a obra pelo traço ou pela
marca, sem necessidade da assinatura ou da fotografia do seu autor.
Ninguém nem nenhuma coisa coexiste sem estar
em relação.
Reparo como as
folhas se desprendem das árvores e, varridas pelo vento, se entregam à terra
para dar lugar às futuras folhas, mas não sem antes se dar de alimento à
própria árvore que, fortalecida, há de suportar toda a gestação primaveril.
Tudo por tudo! Num ciclo de nascer e renascer,
onde a morte dá lugar à vida, sempre em transformação. Num amor desmedido e
intemporal. Sem reclamação. Sem nostalgia.
A mesma radicalidade do Amor. A mesma entrega
sem condições.
Só podem ser
traços do Criador Infinitamente Bom.
29.11.2012
C.R
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