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sexta-feira, 29 de abril de 2022

CAMINHADA DOS CATEQUISTAS - “Quando a vida te der pão duro, faz uma torrada!”

E foi com este pensamento motivacional que Soalhães, no Marco de Canaveses, nos recebeu num dia que se avizinhava chuvoso, no aroma reconfortante de um café para carregar baterias.
Depois de uma pausa na nossa tradicional Caminhada do Catequista, fora de Vilar do Paraíso, face à contenção que a pandemia exigiu, desejávamos este reencontro, o convívio em ambiente desafiante para a mente e para o corpo. Não serão os trilhos pedestres uma alegoria das nossas vidas? Um reencontro connosco? Uma aproximação ao abraço de Deus?
Com a habitual boa disposição (e coragem!), estava em vista a realização do percurso circular Pedras, Moinhos e Aromas de Santiago (PR1) da rota do Românico do Douro, Tâmega e Sousa, que une a Igreja de S. Martinho de Soalhães à Serra da Aboboreira.
A região montanhosa da Serra da Aboboreira tem um “elevado valor cultural e natural, preservada ainda da fúria cega do progresso urbanístico, por séculos de isolamento geográfico e por subsequente desertificação humana. Aqui, as gentes ancestralmente adaptadas a esse ambiente e vivendo em tradicionais casas graníticas de arquitetura vernácula, ainda cultivam a leira à força braçal e animal e onde podemos assistir à moenda do cereal nos moinhos de água”.
Em cerca de 15 / 16 Km fomos convidados a contemplar a natureza, os moinhos de Vinheiros e as Capelas, dentro das povoações ou mais afastadas, construções envolvidas pela floresta ou erguidas no cimo do monte, relembrando a força do Trabalho e da Fé dos seus habitantes, exemplo para nós em simpatia e amabilidade.
Iniciámos, então, na Igreja de S. Martinho de Soalhães, originalmente românica, mas com características barrocas, onde ficámos maravilhados com o seu painel de azulejos de padrão azul e branco em todo o redor e talha dourada, além dos painéis em madeira pintados com motivos religiosos, no teto. O seu pórtico românico-gótico deu-nos as boas-vindas!
Em comunhão fraterna, fizemos um momento de oração, agradecendo a Deus pela presença de cada um de nós na atividade e por mais um ano pastoral em curso. “Fica connosco, Senhor! E dai-nos a Vossa paz!”
Seguimos caminho, entre videiras, carvalhos, castanheiros… vários regatos a cantar e a enlevar-nos na harmonia que só é possível encontrar longe de azáfama e do ruído do nosso dia-a-dia citadino. 
Esta “casa comum” foi-nos entregue para ser cuidada e para nosso autocuidado e felicidade… já pararam para refletir sobre isto? Quantas vezes, no turbilhão de emoções e tarefas da nossa vida, nos sentimos perdidos sem saber como abrandar?
A primeira dificuldade encontrada surgiu quando o pai do nosso catequista Gil decidiu, com ar de sua graça, fechar-nos o portão 😊 que nos permitia seguir rumo à Serra da Aboboreira. Apelando ao seu bom coração e depois de vários pedidos, permitiu-nos a passagem. Foi mesmo difícil de convencer 😉
Depois da Poça da Sapeira, cuja vegetação não permitia observar o curso de água que por lá havia, iniciámos a subida. Maravilhosas cores, das plantas, das rochas, em contraste com o céu azul que, envergonhado, lá surgia por entre as nuvens, conduziam-nos à Capela de S. Clemente, lembrando, com a sua escadaria, a caminhada quaresmal que há pouco tempo vivemos.
Carros de bois nos quintais davam-nos belos quadros da vida dos camponeses e, mais uma vez, lá tivemos de passar a ribeirinha sem molhar a meia ou escorregar! 
A cumplicidade e espírito de equipa entre todos nós, catequistas, amigos e familiares, são dois dos laços que se fortalecem neste tipo de atividades e que tão necessários são para a nossa saúde – do corpo e da alma!
Estávamos prestes a chegar à pior parte do percurso – uma subida longa e muito inclinada, granítica e ponteada com giestas. Abençoadas botas e companheiros “dianteiros e traseiros” pois, mesmo subindo como gatos, facilmente cairíamos para trás (e os gatos sempre têm 7 vidas, já nós….!). 
Todos, sem exceção, tinham os seus Anjos da Guarda atentos e, com sucesso, apesar do cansaço, lá chegamos ao fim. Tempo para tirar casacos, camisolas, hidratarmo-nos e comer umas bolachinhas. Um docinho, depois do esforço, sabe tão bem! Ah, já me esquecia! E tirar mais algumas fotografias aos guerreiros!
Depois, descemos e subimos entre blocos graníticos com quartzo branco bastante desenvolvido; os cristais eram tão brancos que toda a rocha parecia branca! Ou não estaríamos no caminho das Pedras Brancas! A chuva estava perto de começar, tínhamos de nos apressar…
Falso alarme! A nossa Joana Veríssimo, sempre que colocava a capa, espantava a chuva 😊
De seguida, encontrámos estrada alcatroada, que tínhamos de atravessar para chegarmos à Capela de Santiago onde iríamos almoçar, já que ainda estava bom tempo e o estômago precisava de alimento. Ainda faltavam alguns Km para chegarmos a metade do percurso. 
Analisámos o mapa e concluímos que, além da capela de Santiago, ainda tínhamos de chegar à capela de São Brás, dentro da povoação, para iniciarmos a última parte do trilho.
Ups! Desta vez, a capa da Joana não funcionou e acabou mesmo por chover. E não foi pouco!
Mas nem a chuva tirava a beleza daquele local, os aromas das plantas, o som das águas… Até as nossas gargalhadas compunham muito bem todo aquele ambiente cujas gotas de chuva seriam, certamente, lágrimas de alegria do céu.
Encontramos mais uma povoação e, com ela, o Moinho do Balcão que, segundo uma habitante, era o único moinho de água em funcionamento. Tão bonito! Uma pequena lagoa e um enorme bloco de granito, lapidado pelos ventos e pelas águas que por ali passavam, formavam um belíssimo local de repouso, para nos sentarmos no chão ou no banco de madeira e, até mesmo para nos abrigarmos da chuva!
Ficamos nesse local algum tempo – uns, debaixo do granito, outros, debaixo de um tanque… Precisávamos que a chuva abrandasse um pouco para seguirmos viagem.
Assim que possível, ainda com o céu cinzento, desbravamos o Caminho de Vinheiros, onde já se podiam ver furnas e pequenas casinhas para armazenamento de utensílios do trabalho no campo e outros produtos.
Próximos da capela de Santiago e depois de passarmos o Cruzeiro, deparamo-nos com uma bonita avenida de árvores e, à frente, uma longa escadaria, cujo fim não conseguíamos ver. Depois do primeiro lance de degraus, uma fonte jorrava água fresca e, de cada lado das escadas, à medida que subíamos, reparámos que várias árvores tinham sido plantadas e, curiosamente, por avós e netos, deixando uma placa com os nomes de cada um.
A família é o pilar de qualquer ser humano, seja ela “de sangue” ou “do coração” e é tão bonito ver que gerações distintas deixam marcas de amor e de esperança a todos aqueles que por ali passam!
Um miradouro esperava-nos, assim como a Capela de Santiago. E que paisagem maravilhosa conseguíamos observar a partir daquele ponto. Que bonito é Deus e tão bela a sua obra! Bendigamos ao Senhor!
O sol fazia sentir-se, já, nos nossos rostos e aquecia-nos o coração! Por isso, toca a abrir as merendas e almoçar!
A bola de carne da Céu é o pitéu mais desejado de toda a caminhada, assim como as pataniscas da Otília e o bolinho da Fátima, veteranas nestas andanças, cujas agruras da vida, dos joelhos, das ancas, pés e ombros não as impedem de continuar a caminhar connosco e brindar-nos com a sua amizade.
Tempo, também, para um cafezinho e, toca a arrumar, que a chuva está a cair novamente!
Ao chegarmos ao Caminho dos Moinhos, os nossos olhos brilhavam de espanto com as maravilhas que observávamos. 
Ruínas de moinhos de água lindíssimas, alguns ainda bem preservados apesar de inativados, como o Moinho da Lapa. 
Era tudo tão lindo que até nos esquecíamos da dificuldade do percurso e de algumas dores musculares e articulares que já se faziam sentir. 
Houve tempo para uma voltinha de baloiço e recordar a nossa infância, as nossas crianças e a adolescentes da Catequese e Infância Missionária que tanta cor acrescentam às nossas vidas!
Concluída mais uma etapa, houve tempo para descansar e para congratular o Gil pela sua penitência – levar o saco do lixo caminho fora para, no final da caminhada, proceder à separação do mesmo.
Deveras caricato o facto de assumirmos como lixo umas fitas coloridas que estavam presas nas árvores e giestas “bem, devem ter sido de uma corrida anterior, para marcarem o percurso… é melhor retirar!”… Foi o que pensámos!
Pensamos mal! Isto, porque, metros à frente começamos a ouvir motas e, depois, passa um motard por nós! Afinal, a prova que justificava as fitas era naquele dia!!! De fininho e mansinho, fomos tentando esconder o saco à passagem dos atletas, ou não fôssemos levar um raspanete valente!
Mais uma longa subida e nem sinais da capela de São Brás! Já estávamos tão cansados que todos nos sentamos nas rochas… 
A d. Otília até se deitou para a fotografia! E contemplamos… agradecemos e rezamos em silêncio. Rimos e dissemos disparates e pedimos muito pela capela de S. Brás!
Ainda não havia sinais dela! “Ai que linda capela!”, dizíamos… Podia ser que ela viesse até nós, já que Maomé estava a ter sérias dificuldades em chegar à Montanha!
Enquanto isso, fomos admirando os campos, as flores que os sarapintavam e os cogumelos que lhes davam cor! E nem sinais da capela de S. Brás!
Ainda andámos um bom bocado… finalmente, nova povoação! E, se há uma povoação… há uma… CAPELA!!! Seria desta?
Pois foi, claro que sim! Mais um bocadinho e conseguimos ver a cruz da torre da capela de S. Brás! Tão bom! Metade estava feito, era só descer 😊
Muito simpática, a d. Carmen, habitante local, abriu-nos a porta da capela de S. Brás; pequenina, mas muito arranjadinha, com um trabalhado altar onde estava a imagem do santo venerado por aquelas gentes. Das festas a S. Brás, ainda foi colocado um memorial aos Romeiros, devotos.
Após uma pausa, junto ao restaurante Tasquinha do Fumo, conhecido de alguns catequistas, continuamos o nosso caminho, dentro da aldeia! Um simpático cordeirinho chegou-se a nós e até pensava que tínhamos leite para ele!
Jesus, o Cordeiro de Deus, está sempre ao nosso lado, levanta-nos, recompõe-nos, dá-nos alento, sem pedir nada em troca… Que o tomemos como exemplo nas nossas vidas; esse é a nossa melhor dádiva, a Ele e ao Mundo!
Na reta final, algumas lesões já eram notórias; então, o grupo dividiu-se para permitir que se caminhasse ao ritmo de cada um e prevenir o agravamento das dores… Dois anos sem caminhada e com pouco treino tem sempre as suas consequências.
Pensávamos que seria sempre a descer, mas estávamos enganados! Ainda tivemos algumas subidas entre as rochas, algumas complicadas pelo cansaço… 
Na última descida, para regressarmos à Igreja Matriz, ainda tivemos de fazer da vertente um escorrega – quais crianças! Antes escorregar assim, com tranquilidade, do que colocar um pé em falso e “catrapus!”
Ao longe, já na estrada, conseguimos ver os nossos amigos no cimo do monte, prestes a concluir a caminhada! Que alívio e tão bom termos chegado com saúde e sem mazelas bicudas à Igreja Matriz!
Regressámos a Vilar do Paraíso a dormir e a sonhar já com a próxima aventura! Foi um dia fantástico; vê-se pelos sorrisos, por muito cansados que estivéssemos!
Que esta atividade (e outras semelhantes) se repita por muitos mais anos. Que a Caminhada do Catequista seja um local de (re)encontro e partilha, de persistência e resiliência, de compaixão e de Fé.
Deixo um agradecimento especial a todos quantos contribuíram para que a Caminhada voltasse e corresse tão bem!
A vida dá-nos pão duro, muitas vezes, mas ser Catequista e viver a Palavra de Deus ao jeito de Jesus ajuda-nos a fazer as melhores torradas no meio da adversidade!
Até breve!
Tânia Leitão, com apoio do folheto informativo do PR1.
Fotos em

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