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quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

A ALEGRE SUPERFICIALIDADE

 

Em duas encíclicas, o Papa Francisco afirma: “Vivemos já muito tempo na degradação moral, furtando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade”. E faz notar o que todos sabemos: que essa alegre superficialidade de pouco nos serviu, pois a tentativa de empurrar a história com a barriga não se traduziu num aumento de felicidade coletiva ou individual.

A recusa da ética é subtil. Começa por uma preocupação exagerada de cada um por si próprio. A dado momento, torna-se exclusiva ou quase. Entra, então, o hedonismo, como grelha a partir da qual se analisam as relações com os outros: o que dá prazer importa; o que não dá, rejeita-se. E se o cão faz festas e a as outras pessoas não, dá-se-lhe mais valor do que aos semelhantes.

Em tal perspetiva, os outros não interessam: ignoram-se. Evidentemente, não só não se compromete com o bem deles como, se direta ou indiretamente beliscam o conforto, têm-se como opositores. Neste caso, os interesses próprios colocam-me positivamente contra os outros. Seja contra quem for e pelos motivos que forem. Aplica-se à letra o negro aforisma popular: “Não me importa que o meu pai morra. O que quero é que a vida corra”.

Quando, por essa Europa fora, se reivindica o direito à diversão, às discotecas abertas, às festas de todo o género, aos festivais e dance celebrations, e se nega a pandemia e desvaloriza a transmissão do vírus ou, com uma frieza que gera calafrios, se reivindica o direito a uma vida folgazã em detrimento da possível morte da «velharia que não anda cá a fazer nada», então é o completo individualismo, a insensibilidade social, o egoísmo puro e duro. O que tem bons padrinhos na sociedade, mesmo a nível político-partidário. A seguir, porém, virá o que sempre se lhe segue: a desagregação, a violência, a revolução e a guerra.

É possível mudar a situação? Sim. Com menos temas fraturantes e mais educação para os valores. Para os verdadeiros. É que a «lei dos graves» está em todo o lado. Também em nós. Por isso, ou fazemos esforço na elevação ou caímos ruidosamente. Até nos aquários, mesmo que pareçam dormir, os peixes estão sempre a movimentar as barbatanas. É que se o não fizerem acabam por se depositar no fundo. E isso não augura nada de bom a nível da sua saúde.

E a alegre superficialidade contemporânea –na prática, uma insensibilidade alienada e alienante- também não.

https://www.diocese-porto.pt/pt/documentos/outros-documentos/mensagens/mensagens/dados/106-a-alegre-superficialidade/?fbclid=IwAR1BsEdIvzkiqBa7uVBiPslOAeTFYPcJa56n4CG4pkTh7oN0Fsen6cuVHAM

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