Não obstante os sofrimentos que nos causou, 2020 também nos deu muitas lições. E a maior foi certamente esta: a fragilidade de cada um de nós é tão grande que só em conjunto e unidos podemos oferecer alguma resistência às dificuldades e juntar forças para atingirmos o bem comum.
Que seria de todos nós e da humanidade inteira se imensas pessoas não estudassem as formas de transmissão do vírus, se os profissionais de saúde e as forças de socorro não se dedicassem afincadamente aos atingidos pela doença, se os dirigentes e colaboradores dos lares de idosos não fizessem todo o possível por os proteger, se os empresários e dadores de trabalho conscienciosos não enfrentassem a crise até ao limite das possibilidades para que o maior número auferisse um salário, se os sacerdotes, diáconos e outros agentes de pastoral não permanecessem sempre na primeira linha do conforto do seu povo e na gestão das mais fortes emoções, se os governantes não intentassem o difícil equilíbrio entre o pão e a saúde, se os inúmeros voluntários e benfeitores não se prodigalizassem nas mais diversas ações de solidariedade para que a vida dura de muitos se tornasse um pouco menos sofrida, enfim, se cientistas e investigadores não se debruçassem com toda a determinação na procura das vacinas?
Este é um dado da nossa psicologia: quando as coisas se nos tornam difíceis, desperta-se como que um instinto de sobrevivência e todos (ou quase…) nos unimos em prol de um mesmo ideal. Cumpre-se o que o Papa sintetizou na célebre frase: “Ninguém se salva sozinho. Ou nos unimos ou naufragamos”.
E quando o mal passar? Manter-nos-emos unidos e colaboradores ou voltamos ao antigo, ao nosso individualismo insolidário e à competição desenfreada?
Na união, surge como natural o cuidado do outro, a preocupação com todos. É o caso da família: os imensos trabalhos para criar um bebé, as noites sem dormir, as despesas e preocupações são feitos com alegria e extrema dedicação. Pelo contrário, onde não se verificam laços de união, os outros passam a ser vistos com desconfiança e, porventura, como inimigos reais ou prováveis. Que o digam, por exemplo, os animais: as fêmeas costumam tornar-se perigosas na defesa das suas crias.
Em 2021, que sentimentos pretende a humanidade perfilhar: hospitalidade ou hostilidade? A primeira gera a paz; a outra, instaura a guerra e a destruição.
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