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7. Dar a vida toda ou entreter-se com os adereços, eis a verdadeira questão, meu irmão deste Domingo de novembro.
Uma nuvenzinha,
Que o criado de Elias avista lá ao longe,
Acende de esperança o horizonte,
Como uma cidade iluminada sobre um monte,
Uma avezinha que se dessedenta numa fonte,
Uma velhinha que recolhe um braçado de gravetos,
Para acender o lume
E cozer apenas um pãozinho
Para comer com o seu filho
Antes de rezar e de morrer.
Elias anda ao sabor de Deus,
Como um moinho ao vento,
Como um pássaro ao relento,
Como a voz de um fino silêncio,
A amadurar no coração de um grão de trigo
Ou de um amigo.
Tudo é tão frágil e tão belo,
Belo porque frágil
E ágil.
Anda tanto Deus à nossa volta,
Que não precisamos de guarda
Nem de escolta.
Concede-nos hoje, Senhor,
Sentir a tua voz bater em nós,
E o teu amor sempre ao redor,
Sempre ao redor,
Como Tu achares melhor.
D. António Couto
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