O tema deste 3.º ciclo de conferências “Da Fragilidade… à Esperança” é sugestivo de um caminho, de um percurso... de um lado para outro…de um modo para outro… de uma atitude para outra. Indica um caminho e um caminhar…
Das conversas havidas ao longo deste mês de janeiro de 2014, todas elas inseridas nesse tema, talvez nenhuma tenha sido de perceção tão evidente como a da noite de quarta- feira, com o Américo Azevedo. Também porque a sua fragilidade física é exposta...
O seu percurso de vida, a sua história, teve o ponto de partida na fragilidade. Nasceu frágil e enfrentou os obstáculos físicos e psicológicos para os quais ninguém nasce preparado…e menos ainda os fragilizados que mais dificuldades têm em preparar-se.
O testemunho que Américo Azevedo deu da sua descoberta de Deus e do encontro com Jesus confirma que Deus tem sempre a iniciativa de nos amar de nos encontrar primeiro. De nós, apenas precisa da disponibilidade para nos deixarmos amar e encontrar.
E que muitas vezes Deus se nos revela no silêncio, na solidão, na fragilidade, na escuridão…No silêncio de nós mesmos, no silêncio do outro…na nossa solidão e na solidão do outro, na nossa fragilidade e na fragilidade do outro…Mas sempre se revela no caminho, ainda que na berma…E quando se revela… os silêncios, as solidões, as fragilidades, as escuridões… tornam-se caminhos de luz que devem ser testemunhados sobretudo pela nossa forma de caminhar… É forçoso caminhar de forma diferente por caminhos iluminados…
Não podemos impor Deus a ninguém, porque Ele não se impõe. Deus quis precisar de nós e esse é o melhor sinal de quanto nos ama! Existindo sem nós, não o deseja fazer, revela que quer existir connosco…mesmo quando não estamos disponíveis para o aceitar - liberdade que nos concede.
Foi um testemunho de vida que impressionou pela sua objetividade, pelo sentido de humor, pela felicidade e serenidade, que a sua fragilidade não tira, e sobretudo pela esperança e pela alegria. Um tal resultado só pode ser conseguido depois de caminhar muito…E não é pela idade que se pode avaliar o tamanho do percurso, mas pelas “solas” gastas…
Temos a tentação de nos sentarmos na berma da estrada aos primeiros sinais de cansaço…e de preferência à sombra, para evitar o calor… à espera que Deus nos dê boleia, que Jesus volte atrás e nos leve ao colo…mas somos muitos para Jesus levar. Temos de lembrar que Ele nos mandou que o fizéssemos uns aos outros. Portanto…nada de fazer “fita”… e caminhar com alegria para que outros também queiram caminhar …
São estes testemunhos fortes que nos fazem questionar os nossos “nadas”, os nossos “se” e os nossos “mas”…É a diferença entre Paulo na estrada de Damasco que nunca mais parou de correr nas estradas que o conduziam a Cristo e o jovem rico a quem os “se” e os “mas” fizeram voltar atrás, não seguindo logo caminho com Jesus …
31.01.2014
C R
Imagens: Foto Martinho
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