Na dúvida quanto ao momento em que nos deveríamos “ retirar” para preparar a Páscoa, eis que na véspera da partida todas as hesitações iniciais foram transformadas em certezas!...
Logo pela manhã de sábado do dia 8 de março de 2014, o 9.º ano de catequese da nossa paróquia pôs os pés ao caminho, melhor dizendo, pôs os pés nos carros dos pais (que prontamente se disponibilizaram e se organizaram para levar os jovens) rumo à Maia, à casa dos missionários Combonianos.
Retiraram-se a chuva e o frio para dar lugar naquela manhã ao sol radioso e à temperatura amena que nos reforçava a vontade de partir…
E que melhor dia que o I domingo da quaresma para nos retirarmos e nos prepararmos para viver este tempo de despojo e simplicidade, de silêncio e oração, rumo à Páscoa?
Não era o deserto que nos esperava… mas antes as camélias floridas e a fonte de água que jorrava em espaços amplos e convidativos para os jovens se desprenderem dos seus telemóveis, dos computadores das redes sociais…
E darem largas à convivialidade entre si e entre outros jovens de Leiria que, bem mais cedo, porque de bem mais longe, ali se encontravam com os mesmos desígnios que os do grupo da nossa paróquia.
Depois de todos se darem a conhecer, apresentava-se um dia de trabalho, de oração, de catequese, de convívio, num programa bem apertado e organizado onde não coube a monotonia…
Com a coordenação do Pe. Jorge Domingues, da Andreia e da Mónica, o tema central destes dois dias intensos foi perceber o que é a Eucaristia. De que momentos é preenchida e qual o seu sentido.
Foi uma “desconstrução” dos pré-conceitos sobre a missa para encontrar a sua essência e levar a compreendê-la, a senti-la, a vivê-la...
A leitura de que partimos foi a passagem do evangelista Lucas (Lc 24-13) dos discípulos de Emaús, escutada num dos cenáculos da casa.
Foi o 1.º momento de oração.
E houve o momento para a partilha no almoço entre todos, incluindo o grupo de Leiria. E que bem soube debaixo do alpendre provar das iguarias que cada um levou, algumas delas preparadas com todo o carinho pelos pais (mais pelas mães…) de alguns jovens! E aí começava a descoberta do outro…sempre diferente … mas sempre tão igual ...
Depois da descontração e da libertação de energias no futebol, nos matraquilhos, no ping-pong, ou simplesmente no estender e repousar do olhar …, o sino metálico chamava a recolher o “rebanho” para a descoberta.
A tarde iniciou-se com uma visita guiada à casa que é também seminário, onde pudemos ver a capela principal em que se celebra a Eucaristia dominical aberta a toda a comunidade local, uma exposição sobre a missão dos missionários Combonianos e a biblioteca.
O tema geral da Eucaristia dividiu-se em 5 temas correspondentes aos 5 momentos mais marcantes da Eucaristia: o Perdão, a Palavra, o Credo, a Eucaristia (Comunhão) e o Envio.
Cada tema foi apresentado em conjunto e depois trabalhado em grupo seguido sempre dum terceiro momento de oração, este último acontecendo em local próprio (cenáculo), propício ao silêncio.
O dia de sábado culminou num ponto alto e marcante - a vigília- onde cada um pôde fazer uma viagem ao interior de si próprio e refletir com base no Credo. Este Credo apresentado como uma “declaração de amor” de quem confia, acredita e adere. Individualmente, cada jovem refletiu em quem e no que acredita.
A vigília foi o momento da preparação para a reconciliação, onde pudemos contar também com a presença do nosso Pároco, Rev. Pe. Zé Manel.
Seguiu-se o chá das 24h e depois de um dia tão preenchido, abertos ao perdão e perdoados por Deus, supostamente seguir-se-ia o repouso físico… Mas como se consegue fazer repousar um jovem?…E vários jovens juntos...?
Neste suceder da noite ao dia e do dia à noite, levantou-se a madrugada, não tão airosa como a de sábado, mas ainda assim bem-disposta. E com ela os jovens que, entre as 8:00 e as 8:45h, se juntavam no refeitório para um pequeno-almoço quentinho.
Às 9:00h reunidos no cenáculo em momento de oração, retomavam o tema da Eucaristia, agora trabalhando o último subtema - o envio.
Cada jovem escreveu o(s) seu(s) compromisso(s) individual(is) que, depois da partilhado(s) com todos, na eucaristia, levariam à mesa do altar, à presença de Jesus, no momento da consagração.
Depois do ensaio dos cânticos, às 12.00h foi o chegar à meta destes dois dias intensos: Viver a Eucaristia. Um ponto alto, sem dúvida! Celebrada de forma diferente do que lhes é habitual, permitiu-lhes compreender o que é verdadeiramente a Eucaristia.
E para os que andaram mais distraídos com o que ali se passou…diremos em jeito de conclusão que:
Tal como os dois discípulos que, tristes, desanimados, desiludidos, deixaram Jerusalém para regressar a Emaús, ao terceiro dia da morte do mestre que tinham seguido e em quem tinham colocado toda a esperança, nós chegamos à eucaristia como chegarmos…
Com ou sem vontade, forçados pelos pais, pelos avós…, ensonados, aborrecidos, com as nossas perdas…
Mas deixando-nos abordar por um “forasteiro”, assumindo perante ele essas perdas e numa atitude de humildade as choramos, então essa disponibilidade e abertura a ouvi-lo, a escutar a Sua Palavra, leva-nos a convidar o “estranho” a entrar e a ficar connosco.
E assim alimentados, inundados, tudo se transformará em nós, sentindo-nos enviados para o mundo a anunciá-Lo com a nossa forma de viver.
Seguiu-se o almoço... Partilhou-se o trabalho de deixar tudo em ordem… Preparou-se as “trouxas” e de novo tínhamos pais à espera… disponíveis para trazer os jovens de volta.
Caros jovens, estamos preparados para viver de forma especial este tempo favorável à humildade e à adesão a Jesus! Convidemo-Lo a entrar e a ficar e Ele nos conduzirá!
Senhor, Tu és a água viva, Tu és a água pura, Inunda-me e tudo se transformará em mim!
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