"Hoje, porém, compreendendo-se cada vez menos – e por isso não se aceitando – a idade do declínio do corpo e da vida, criam-se como sucedâneos ‘mercados da juventude’ cada vez mais na moda; esquece-se então que, por mais que a adiemos com dispendiosos tratamentos de estética, ginásio e percursos de manutenção exigentes, a idade do pôr do sol há de inexoravelmente chegar. O encontro não preparado com a decadência física é devastador, porque a morte é percebida como o morrer de tudo: nós mesmos, os amores, ‘as coisas’, o passado, o mundo. Não dando valor e não amando a velhice nossa e dos outros, não damos valor e não amamos os velhos que se tornaram assim uma grande ‘periferia’ do nosso tempo. E com isso a sociedade e a economia delapidam um património de grande valor e valores."
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