Sucedem-se os dias e as noites, o frio e o calor, a chuva e o sol, e tudo damos por adquirido. E nesta sucessão nos deixamos embalar, sem parecer acontecer nada de novo, numa cadência que nos gasta o tempo e nos faz velhos ainda em nova idade!
Precisamos da Quaresma!
Quaresma é um tempo favorável à conversão, à renovação. A tornar nova a vida toda. É o tempo de uma nova esperança. É uma nova oportunidade.
Mas também este tempo precisa de palavras novas que digam o que não é novidade.
E nesta quaresma diz-nos o amado Papa Francisco, na sua genuína forma de dizer sem palavras demasiado gastas, que a quaresma é o tempo para "parar, olhar e regressar". Gosto particularmente deste verbo regressar. O que poderia induzir uma atitude passiva de parar remete-nos para a ação de regressar. E o regresso impõe-nos uma grande viagem ao interior de nós mesmos, para desejar regressar. E para iniciar essa viagem impõe-se parar e observar, olhar e olhar-se. Regressar é voltar a um ponto de partida e recomeçar. É poder refazer um trajeto.
Em comunhão com Tolentino de Mendonça, mestre em palavras novas dizíveis do intemporal, na reflexão que conduz o retiro com o Papa nesta quaresma, centrado no tema "o elogio da sede", partindo da belíssima passagem bíblica da Samaritana, regressar é voltar à fonte de onde nos afastámos e ficámos longe e sedentos, quais filhos pródigos longe da casa do Pai.
É a oportunidade de regressar à fonte, à casa onde somos esperados de braços abertos, na certeza do amor sem limites. Que Deus nos inflame o desejo do regresso!
CR
Fev 2018
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