Hoje é Dia de Natal. É Dia de Jesus. O Natal é um imenso caudal de luz e de alegria, hemorragia de Jesus. Há quem pense amansá-lo e enlatá-lo, domesticá-lo, e depois tomá-lo em pequenos comprimidos, mais ou menos à razão de um por dia. Mas o Natal não se pode comprá-lo ou aviá-lo por receita. Nem cumprimentá-lo, quer com a mão esquerda quer com a direita. O Natal não tem regra ou etiqueta. Não se pode semeá-lo na jeira ali ao lado. Não se pode trocá-lo por qualquer bugiganga à venda no mercado. O Natal não se pode matá-lo, e retirá-lo anuário, do calendário, do dicionário, do vocabulário. Por mim, hei de sempre amá-lo. Este vendaval, que se chama Natal, só podemos deixá-lo entrar por nós adentro aos borbotões, até que rebentem os portões, e caiam um a um do nosso fraque todos os botões. Também o mofo e o verdete que há nos corações serão levados na torrente, e também tudo o que apenas é corrente, banal ou indiferente. Só ficaremos mesmo eu e tu, menino, só mesmo nós os dois, lado-a-lado ou frente-a-frente.
O Natal é Jesus.
Vem, Senhor Jesus. Bate à nossa porta. Encandeia a nossa vida.
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