Querido irmão!
Hoje foi publicada a tua designação como Cardeal da Santa Igreja Romana. Chegue a ti a minha saudação com a garantia da minha oração. Peço ao Senhor que te acompanhe neste novo serviço, que é um serviço de ajuda, apoio e proximidade especial à pessoa do Papa e para o bem da Igreja.
E precisamente em vista de exercer esta dimensão de serviço o cardinalato é uma vocação. O Senhor, através da Igreja, chama-te mais uma vez a servir; e far-te-á bem ao coração repetir na oração a expressão que o próprio Jesus sugeriu aos seus discípulos para que se mantivessem em humildade: «Dizei: “Somos servos inúteis”», e não como fórmula de boa educação mas como verdade depois do trabalho, «quando terminastes tudo o que vos foi ordenado» (Lc 17, 10).
Manter-se em humildade no serviço não é fácil quando se considera o cardinalato como um prémio, o ápice de uma carreira, uma dignidade de poder ou de distinção superior. Eis o teu compromisso diário para manter longe estas considerações e, sobretudo, para recordar que ser Cardeal significa incardinar-se na Diocese de Roma para dar testemunho da Ressurreição do Senhor e dá-lo totalmente, até ao sangue se necessário.
Muitos alegrar-se-ão por esta tua nova vocação e, como bons cristãos, festejarão (porque é próprio do cristão rejubilar e festejar). Aceita-o com humildade. Faz só de modo que, nessas festas, não se insinue o espírito de mundanidade que embriaga mais do que a aguardente em jejum, desorienta e separa da cruz de Cristo.
Então, ver-nos-emos a 14 de fevereiro. Prepara-te com a oração e um pouco de penitência. Tem muita paz e alegria. E, por favor, peço-te que não te esqueças de rezar por mim.
Jesus te abençoe e a Virgem Maria te proteja.
Fraternalmente,
Vaticano, 4 de janeiro de 2015
Francisco
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