Ao entrarmos no tempo santo da Quaresma,
Devemos ter a coragem
de atravessar a poeira dos caminhos
intransitivos do nosso coração,
isto é, de limpar as mentiras,
ódios, raivas, violências, banalidades,
que tantas vezes preenchem os nossos dias.
A Quaresma é tempo de nos expormos
ao vendaval criador e purificador do Espírito,
sem termos a pretensão
de o querer transformar em ar condicionado.
Toma em tuas mãos, Senhor,
A nossa terra ardida.
Beija-a.
Sopra nela outra vez o teu alento,
a tua aragem,
e veremos nela outra vez impressa a tua imagem.
Tu sabes bem, Senhor, que somos frágeis.
Mas contigo por perto,
seremos fortes e ágeis,
capazes de abrir estradas no deserto,
a céu aberto.
D. António Couto
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