Segurança
S. Mateus e S. João contam-nos um acontecimento exemplar. Jesus passou o dia em pregação e curas. À tardinha, mandou os discípulos para casa, enquanto Ele despedia as pessoas e permanecia em oração.
Tinham de atravessar o Lago da Galileia, por sinal, em dia de tempestade e forte ondulação. O medo que já se tinha apoderado deles transformou-se em pavor quando, altas horas da noite, viram Jesus caminhar sobre as águas. Imaginaram um fantasma. Mas o Senhor tranquilizou-os. Mesmo assim, Pedro como que precisava de uma certeza material e pediu para também ele poder caminhar sobre o mar. O Mestre permitiu. Pedro deu uns passos, mas –dizem os evangelistas- “quando reparou no vento, ficou com medo e, começou a afundar-se” (Mt 14, 30). Valeu-lhe a mão amiga de Jesus para o trazer à superfície. De outra forma, os seus medos e autossugestões tê-lo-iam levado ao afogamento.
Quando se faz da segurança pessoal o critério supremo da existência, é fácil que advenha o medo e prospere a angústia. É que esses sentimentos alimentam-se de imaginações e sugestões negativas que criamos para nós próprios. E passar do medo ao pânico injustificado vai um passo muito curto. Depois, entram as depressões, os «cansaços cerebrais», as tendências suicidas, etc.
Sabemos bem o que é a precaridade ou fragilidade da vida. Esse é um dado de realismo. Não obstante, é a partir dela que se tem de construir a força anímica para a minimizar e superar. Jamais para fazer dela a última referência. Ou uma obsessão. Até porque “abismo atrai abismo” e a submersão nele seria inevitável.
Na cena anteriormente referida, Jesus mostra-nos que os medos –quase sempre produzidos artificialmente por nós mesmos- e a desconfiança de Deus são os grandes inimigos da pessoa. Por isso, estende-nos a mão e tranquiliza-nos carinhosamente: “Homem de pouca fé, porque duvidaste?”.
No meio das dificuldades acrescidas do momento, que ninguém se deixe submergir pela ondulação. Que os medos se transformem em confiança. E deixemos que a fé garanta que Deus está como é: como Salvador!
Afinal, o Advento não é a celebração deste Salvador que vem ao nosso encontro?
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