«Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.»
(S. João 8, 1-11)
O Evangelho que a Igreja nos propõe para este Domingo descreve um dos traços mais característicos da pessoa de Jesus: a misericórdia. Enquanto os escribas e fariseus lhe armam uma cilada, Ele pensa somente em salvar, em perdoar, recuperar o que estava perdido. Chamam-n’O para que possa dar a Sua opinião numa clássica controvérsia resultado da aplicação da Lei de Moisés. Jesus não desbobina um código, mas apela à consciência de cada um, interpela e provoca. Ele que poderia julgar a realidade, ao contrário, reabilita-a, mostrando a mãos largas como é grande o Seu coração. O texto mostra a predilecção de Jesus pelos pecadores: esses são os seus predilectos, os seus amigos. Para Jesus, o pecado é janela que escancara a porta do coração do homem. Salvo pela força do Seu amor, o coração humano, por sua vez, é capaz de amar de verdade. A cena evangélica, no seu desenrolar, leva-nos a um lugar de oração solitária, ao centro do Templo de Jerusalém, da violência dos factos humanos, da delicadeza dos gestos de Jesus, num cenário super lotado, sufocante pelos tons e modos das autoridades, a um final em que a pessoa sozinha, permanece tu a tu com o Salvador, saboreando a docilidade e o perdão. É neste lugar e dentro desta relação que podemos viver todo o caminho da Quaresma.
Ir. Anabela Silva fma
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