3.ª Conversa
(com Laurinda Alves, jornalista e professora)
Titular de um vasto currículo, onde predominam as atividades de cidadania e de voluntariado, Laurinda Alves conversou sobre o seu percurso de vida, de forma fluída e coloquial, para corresponder ao tema do Ciclo de Conversas Amplas deste ano - Quem sou eu? – Identidade e realização pessoal”.
Começou a oradora por dizer que era feliz por estar ali no presente a viver aquele momento connosco.
Começou a oradora por dizer que era feliz por estar ali no presente a viver aquele momento connosco.
E prosseguiu… Na vida, deparamo-nos muitas vezes com grandes perdas, grande sofrimento, e é aí, paradoxalmente, que nos encontramos, porque nos interrogamos, nos questionamos…
É católica, fez o percurso catequético, integrou grupos, nomeadamente de escuteiros, que foram grandes escolas de vida e ajudaram -na a conhecer Deus.
Os seus avós foram os pilares de retidão, de justiça, de gratidão, transmitidos aos seus pais e a si. Mas em determinada fase da sua vida afastou-se da igreja e de Deus, embora continuasse a rezar. Até aos 18 anos sentiu que a Igreja não ajudou. Afastou-se porque não se identificava com ela. Porque a interpretação bíblica transmitida lhe parecia abstrata e pouco se ligar com a vida do dia-a-dia. Quando ouvimos no fim da leitura “Palavra da Salvação” não é a Palavra de há dois mil anos, é a Palavra que salva hoje. Na sua catequese o inferno tinha um peso superior ao céu. Apreendeu a imagem de um Deus controlador e castigador e não o Deus da misericórdia, o Deus que “reza” para que a Sua misericórdia nunca falte entre nós…
Numa fase da sua vida mais complicada, marcada por grande sofrimento, cruzou-se com o Pe Vaz Pinto que foi por ela entrevistado na RTP. E a conversa levou a um convite para conversar em outro lugar. Ela aceitou e foi o seu primeiro exercício de silêncio. A partir desse momento foi a “volta” ou a viragem na sua espiritualidade e a sua aproximação com Deus e com a Igreja. A sua espiritualidade nos últimos 20 anos é bem diferente da dos primeiros 20.
Integra um movimento jesuíta e faz exercícios espirituais para ajudar a viver o presente, deixando de estar agarrada ao passado ou antecipar o futuro.
Encontrar o equilíbrio, o ponto do “aqui e agora” é uma aprendizagem. O aqui e agora é ser inteira, conseguir a unidade interior. É o estar aqui e não estar a pensar em outra coisa, principalmente quando se tem muitas coisas em simultâneo, como é o caso dela.
Nos três anos de desemprego que viveu reforçou a oração e o voluntariado. Fez voluntariado à cabeceira de doentes terminais e fez o curso de formação em cuidados paliativos. Tudo isso fê-la ter a sensação de pertença a um grupo, a uma equipa, o que era muito importante, pois no desemprego além das dificuldades financeiras que se enfrenta, situação que é difícil, é pior ainda o sentimento de não pertencer a lado nenhum.
Durante esse período de três anos, não podendo carregar o sofrimento que ali observava, principalmente em jovens em que a vida ainda era uma promessa, quando descia de elevador para o estacionamento, ia banhada em lágrimas, mas a partir do momento em que deixava o hospital tinha que esconder no seu rosto as marcas desse sofrimento para chegar a casa e continuar a vida na sua família.
Mas o testemunho que ali recebeu de quem se pacificou com a vida, de quem se converteu, de quem morreu zangado com a vida, de quem contou segredos, ensinou-lhe a devolver questões para responder a questões, o que dá margem para conversar. Aprendeu muito sobre a vida, sobre Deus. Experienciou o milagre da transformação interior.
Recebeu de um dos seus guias espirituais o pensamento de que não nos devemos preocupar muito com o que entra em nós, pois muito vai entrar, nem também com o que anda em nós pois o que é às onze já não é ao meio-dia. Mas devemos ter toda a preocupação com o que sai de nós.
Aberta ao diálogo com a assembleia, foram colocadas algumas questões, o que permitiu prolongar a partilha daquela noite.
SER FELIZ, afinal, também se aprende e exige treino… É difícil…mas também ninguém disse que a vida era fácil!
Sem dúvida que o CCA está, definitivamente, na agenda do grupo da Pastoral da Família. Fica o nosso agradecimento.
Agradecimentos:
Equipa da Pastoral da
Família
ACRAV
União de Freguesias de
Mafamude e Vilar do Paraíso
Câmara Municipal de
Vila Nova de Gaia
FotoMartinhoValadares
Pedro Nobre www.cca.2you.pt/
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