Com o Prof. Dr. Eduardo Vítor Rodrigues
A Academia, sendo um espaço moderno, amplo e bonito mimou, como sempre, a plateia com um apontamento musical. Desta vez uma música ao piano e flauta.
O Professor Doutor Eduardo Vítor Rodrigues, depois de manifestar o seu agrado pelo convite para nos falar no CCA, que considera ser já o maior espaço de debate e reflexão em Vila Nova de Gaia, deu-nos uma lição sobre “os papéis sociais da mulher no século XXI”.
Depois de afinar os conceitos de sexo feminino e de género feminino, sendo este último o usado em sociologia, para significar que quando se fala da pessoa, não se dá predominância à sua condição biológica, mas à sua relação social.
Também não é por acaso que no título do tema usou o plural e não o singular. É que o ser humano é multifuncional, isto é, desempenha vários papéis em sociedade, na relação com outros, sem com isso significar que não use de coerência ou que se confunda com algumas doenças do foro psicológico. Ou seja, assumimos vários comportamentos, conforme o lugar ou as circunstâncias do momento. Se estamos num piquenique vestimo-nos e comportamo-nos de uma forma mais descontraída ou mais próxima e se estamos numa reunião a forma como nos vestimos é diferente e o comportamento é mais formal e mais distante. Ainda que no mesmo evento nós podemos adotar comportamentos diversos, conforme os momentos e a proximidade.
Assim, e falando da mulher, porque ela é o tema, aquela assume vários papéis sociais, nomeadamente mãe, esposa, filha, avó e trabalhadora.
Falou-nos, ainda, da evolução histórica deste processo de reconhecimento do direito de tratamento de igualdade na lei e do tratamento de desigualdade na prática, bem como do risco do aumento da desigualdade por não haver interesse em debater este tema, dado que se vai generalizando a ideia por considerar que o problema já não existe. Isto é, haver a tendência para pensar que essa questão já está ultrapassada, e dizer-se que as mulheres hoje já têm, nomeadamente, acesso à universidade, direito ao voto e já não lhes é vedado o acesso à profissão nem a certas profissões...
Nesse processo evolutivo referiu algumas datas marcantes como o trágico dia 8 de março de 1857, em que um grupo de mulheres americanas ousaram contestar a desigualdade de tratamento, fazendo greve o que lhes valeu o preço de morrerem queimadas dentro da própria fábrica por lhes terem fechado as portas e incendiado as instalações. Também 10 de dezembro de 1948, data da carta universal dos direitos humanos, onde se proclama a igualdade. Falou-nos também de algumas mulheres enquanto percursoras de mudança, como a incontornável Simone de Beauvoir que escreveu a frase lapidar: ”uma mulher não nasce mulher, faz-se mulher”.
A conclusão que tiramos é que, neste nosso tempo, e agora com maior perigo por haver uma aparente igualdade que afasta do debate e do interesse esta questão, as desigualdades continuam, mesmo falando da Europa onde aconteceram os maiores avanços e reivindicações de direitos, ao longo da História. Isto é, onde se formou uma maior consciência das situações de desigualdade e de injustiça social.
A igualdade não pode ser conseguida tratando todos da mesma forma. Terá de haver uma discriminação positiva para permitir a oportunidade de chegar à meta. Pois nesta corrida da vida, se for mantida a mesma velocidade para todos, quem parte em desvantagem assim continuará.
No final, o Professor Doutor Eduardo Vítor, com o propósito de estimular o debate na audiência, lançou algumas questões em estilo de provocação.
Sem sombra de dúvida que a visão de um sociólogo encerrou com chave de ouro o Ciclo de Conversas Amplas deste ano.
No pequeno apontamento aqui apresentado, damos conta da mensagem principal que ali foi por nós apreendida, ficando muito aquém de tudo quanto ali foi dito, e foi muito…
Agradecimentos:
Academia de Música de Vilar do Paraíso
Otília Florista
Fotos: Foto Martinho
Texto: CR
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