Fortíssimos os sabores da Mesa da Palavra de Deus neste Domingo V do Tempo Comum. Comecemos por onde se deve sempre começar. Pelo Evangelho, hoje Mateus 5,13-16. E ouvimos acordes como estes: «vós sois o SAL da terra» (Mateus 5,13); «vós sois a LUZ do mundo» (Mateus 5,14). O SAL dá sabor. A LUZ alumia. O mundo por horizonte. É, portanto, necessário abrir os horizontes. O mundo é a nossa casa. Compreenda-se já que o SAL e a LUZ são belíssimas metáforas das obras que fazemos: «Assim brilhe a vossa LUZ diante dos homens, para que vejam as vossas BOAS OBRAS» (Mateus 5,16). Mas entenda-se também de imediato que «as nossas OBRAS BOAS» não são do domínio das nossas mãos (a LUZ escapa-nos das mãos), mas do domínio da Graça de Deus que, como em Maria, também em nós «faz grandes coisas» (Lucas 1,49).
Sim. O mundo é a nossa casa. E, neste vasto mundo que habitamos, são muitos os irmãos que passam fome, que não têm casa, que andam nus. Para nossa vergonha, cerca de um bilião e meio de irmãos nossos vivem abaixo do limiar da pobreza! Isaías 58,7-10 não nos deixa ficar insensíveis perante este triste panorama, mas mostra-nos, em contraponto, que muitas vezes nos blindamos dentro das portas e das janelas do nosso egoísmo e comodismo. É assim que nos tornamos insípidos e deixamos apagar a nossa luz.
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Com tanta Luz a alumiar a nossa vida, e com tantos exemplos vindos da Escritura Santa, o nosso tempo é sempre tempo dado para nos questionarmos de verdade, pondo em causa os nossos egoísmos e as nossas portas fechadas à graça de Deus e aos irmãos que Ele nos deu:
Cheio de mim ou cheio de Ti?
Estou no centro das atenções ou sei orientar todos os olhares para Ti?
Conheço-Te e celebro-Te e dou testemunho da Tua Ressurreição?
Os meus atos anunciam a tua Vinda, isto é, revelam e desvelam a tua presença permanente?
Ou será que o meu olhar é mau porque Tu és Bom? (Mateus 20,15; cf. Ben-Sirá 14,9-10).
Por que é que eu tenho tão poucos (ou nenhuns) encontros CONTIGO marcados na minha agenda?
O que faço eu com o relógio na mão o dia inteiro?
Por que corro tanto e para onde corro tanto?
Debruço-me com amor, e com tempo, sobre os meus irmãos abandonados à beira do caminho ou postos ali mesmo à entrada da minha porta?
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D. António Couto
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