A liturgia deste sétimo domingo do Tempo Comum, ensina-nos, mais uma vez, que o caminho para se chegar a Deus passa pela santidade e perfeição. Para isso, o autor parte das leis e dos ensinamentos antigos, e os amplia, apresentando para nós a novidade, ou a originalidade do cristianismo.
Antigamente, bem antes do cristianismo, ou mesmo antes do povo de Israel, já existia a lei do “olho por olho, dente por dente”. Era uma lei tribal, para defender a tribo e os que dela faziam parte. O diferente era visto como inimigo, mesmo que fosse da mesma espécie. A proposta era combater a violência com outro ato de violência, tendo como propósito inibir a ação violenta com uma outra ação de igual proporção, que provocasse medo.
Jesus, porém, apresenta uma proposta inovadora. Combater a violência com a não violência. Mas isso só será possível se não cultivarmos o rancor ou o ódio em nosso coração, como ouvimos na primeira leitura. A solução está no amor. Mas não em qualquer tipo de amor. Não apenas o amor àqueles que te são agradáveis, ou àqueles pelos quais nutrimos algum sentimento bom. A estes é fácil amar; pois não exige nenhum esforço da nossa parte. Qualquer um pode fazer isso, até a pior de todas as pessoas pode amar aqueles que lhe são agradáveis e favoráveis. Quando a proposta agora é, simplesmente, amar os inimigos, aqueles que nos perseguem, que nos prejudicam ou querem prejudicar.
Eis então que combater a violência com o amor é a essência da proposta de Jesus, a sua originalidade. Enquanto o mundo pede que se vingue aquele que praticou uma maldade, Jesus manda perdoá-lo e, sobretudo, amá-lo. Não é a violência da vingança que vai recuperar aquele que errou, mas o amor. Por isso, a violência se combate com atitudes nobres, como, por exemplo, dar a outra face quando alguém nos esbofeteia; oferecer o manto quando alguém nos leva a túnica; caminhar dois quilómetros quando alguém nos obriga a caminhar um.
Aqui temos alguns exemplos figurativos de como não devemos reagir com violência diante de atos e propostas violentas. Veja-se que Gandhi, embora não fosse cristão, propôs esse método ao mundo para implantar a paz e o respeito pela vida. A proposta de Jesus é, pois, clara e inovadora: amem os inimigos e rezem por aqueles que vos perseguem. É a única forma de tornarmo-nos perfeitos e santos, tendo como exemplo o próprio Deus, que nos criou à Sua imagem e semelhança. Não é fácil, mas é o único caminho, diz Jesus.
Pe. Carlos Correia
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