5. É esta Presença, esta Voz, que Hoje nos chama e diz que nos ama, que deve reclamar toda a nossa atenção, o nosso coração inteiro. Portanto, silêncio em nós. Pausa e bemol. Tempo novo de deixar falar o Espírito (Lucas 12,12) e Jesus (Lucas 21,15). Não há lugar para atitudes de autodefesa («não prepareis a vossa defesa»), mas para «o testemunho».
6. No Templo ardia o fogo perpétuo no altar do incenso, cuidado e renovado duas vezes ao dia, nove da manhã e três da tarde, pelo sacerdote de turno. Esse fogo era o sinal desta Presença amante e interpelante. Nas nossas Igrejas arde permanentemente aquela frágil lamparina, luzinha acesa junto do Sacrário, que assinala esta Presença, este Presente. Não nos deixemos distrair ou perturbar com o acidental. Velemos por esta Presença essencial, que vela por nós sempre. Afinal, é «Na tua Luz que veremos a Luz» (Salmo 36,10).
7. Esta Luz pequenina, vou deixá-la brilhar! Está acesa no mundo para alumiar e aquecer a nossa vida, purificar o nosso coração esclerosado, empedernido, atulhado de impurezas e asperezas, e sinalizar rumos novos, tenros, ternos, verdadeiros. Cuidado convosco! Não suceda que essa luzinha, essa chamazinha que arde mansamente, se transforme num fogo ardente, incontrolável, que queima a vossa palha (Malaquias 3,19). Diz-nos Malaquias, na lição de hoje (3,19-20), que o fogo tanto pode queimar como alumiar. O problema não está no fogo. Está na palha. Deixai-vos então alumiar, e limpai já o vosso coração de toda a tralha que possa fazer com que aquela luzinha, aquela chamazinha, em vez de alumir, se venha a transformar num fogo inextinguível. Bem nos exorta São Paulo: «Veja cada um como constrói: com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha. A obra de cada um será posta em evidência. O Dia que há de vir torná-la-á conhecida, pois ele manifestar-se-á pelo fogo, e o fogo provará o que vale a obra de cada um» (cf. 1 Coríntios 3,10-13)...
D. António Couto
D. António Couto
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