“Caminhemos à luz do Senhor”
Quando esperamos a visita de uma pessoa muito querida em nossa casa, nós a preparamos com muito carinho, aguardando ansiosamente a sua chegada. Ficamos felizes desde o momento em que sabemos da sua vinda. Enfeitamos a casa; providenciamos algo especial para lhe oferecer; damos do melhor que temos: o melhor quarto, a melhor cama, a melhor comida, os melhores talheres e pratos, etc. Enfim, desejamos que seja bem acolhida, e para isso oferecemos o melhor que temos. Quem já recebeu alguém muito querido em sua casa sabe muito bem disso.
É este espírito que invade o nosso coração neste tempo do Advento. Um tempo que enche o nosso coração de alegria porque preparamo-nos para o Natal do Senhor, isto é, a vinda de Jesus. O Natal é uma das festas mais importante do calendário litúrgico, perdendo apenas para a Páscoa. Neste tempo, começamos a enfeitar as nossas casas com flores, luzes, símbolos “natalinos”. Alguns destes símbolos não têm muito a ver com Jesus, são símbolos usados no comércio, mas não deixam de ser símbolos alusivos a um tempo diferenciado. Assim, o espírito do Natal é o momento em que sentimos uma grande alegria na espera de uma noite tão importante, como se espera uma pessoa muito querida, que está para chegar a qualquer momento, ou como se espera um filho(a) que vai nascer.
Neste tempo, ficamos mais sensíveis. Ajudamos mais os outros, sobretudo com presentes e outras atitudes tão importantes que podiam ter continuidade para além do Natal. Este clima de preparação está muito presente na liturgia deste tempo. Cada um, nestes quatro domingos, veja o que fazer para se preparar dignamente para receber Jesus, de modo que este tempo não passe como qualquer outro tempo, mas deixe em nós a marca da conversão e da mudança para melhor.
Os dois primeiros domingos vão falar da segunda vinda de Cristo. Por isso, a liturgia se reveste de uma característica escatológica. Os outros dois domingos irão falar da primeira vinda, isto é, do nascimento de Jesus propriamente dito. Assim, somos todos convocados a preparar o nosso coração, e não somente a nossa casa, para esta chegada transformadora. De nada adianta uma casa toda enfeitada de luzes se o coração de quem nela habita continuar nas trevas. Por esta razão, antes mesmo de qualquer preparação externa, preparemo-nos internamente, só esta preparação é de todas a mais importante. É disto que tratam as leituras deste primeiro Domingo do Advento, como tempo de preparação para a chegada do Senhor, ao falar de um tempo novo, no qual reinarão a paz e a justiça. Esse tempo novo sonhado pelo profeta Isaías, pelo Apóstolo Paulo e, sobretudo, por Jesus só será possível se nós fizermos esta preparação, conforme sugere a liturgia da Palavra de hoje: preparemo-nos, vigiemos, “caminhemos à luz do Senhor”.
Pe. Carlos Correia
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