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segunda-feira, 27 de julho de 2020

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

1Rs 3,5.7-12
Sl 118(119)
Rm 8,28-30
Mt 13,44-46

Quem Vive na Sabedoria Sabe Onde Se Encontra O Seu Tesouro

O fio condutor que a liturgia deste domingo nos propõe para a nossa meditação é a sabedoria do coração. Na Primeira Leitura, Salomão, protótipo do rei ideal da Antiga Aliança, pede ao Senhor no seu coração a sabedoria: “Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”. Para Salomão, a sabedoria é o melhor presente que podemos receber de Deus. Por isso, não pede riqueza, nem muitos anos de vida, nem vitórias sobre os inimigos. Ele pede a Deus a sabedoria. Para Salomão, a sabedoria é o tesouro escondido e a pérola preciosa para a sua vida como rei.

Diante daquele pedido sensato e desinteressado do rei Salomão, Deus responde-lhe: “Vou satisfazer o teu pedido. Dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem haverá depois de ti”. Deus concede-lhe um coração dócil e sábio, que põe seu descanso na lei do Senhor, que ama seus mandamentos mais do que o ouro puríssimo e a prata, como reza o Salmo Responsorial: “Eu amo os vossos mandamentos, mais que o ouro, o ouro mais fino! Por isso, eu sigo todos os vossos preceitos e detesto todo o caminho da mentira” (Sl 118).

Todas estas atitudes encontram a sua plenitude, precisamente, no coração do povo simples (Cf. Mt 11,25) que sabe descobrir o valor do Reino dos céus e está disposto a vender tudo quanto tem para o comprar, como mostra o Evangelho deste domingo. Este mistério de Deus, condensado na imagem do campo e da pérola, e cujo conteúdo essencial é Cristo, chega ao seu cumprimento uma vez que reproduzimos em nós mesmos a sua imagem, como lemos na Segunda Leitura.

O mundo apresenta-nos muitos valores que nos fazem deslumbrar: dinheiro, fama, poder e assim por diante. E muitos destes valores vão mudando conforme as modas. Mas a vida necessita de uma razão que coordene todas as nossas atividades, que as impulsione e as ilumine. Em suma, a vida necessita de um tesouro, mas muitas vezes este tesouro está escondido. E nós não podemos ficar sem a razão de viver. Melhor dizendo: não podemos viver sem sentido.

Na verdade o cristão não é qualquer pessoa que foi batizada. O cristão é a pessoa que encontrou um verdadeiro tesouro, a pessoa que encontrou Jesus Cristo, o seu Divino Salvador, que nos ama até ao fim (Jo 13,1) e que nos acompanha em cada momento (Mt 28,20). Basta seguir ou viver de acordo com os seus ensinamentos para poder chegar a uma vida em plenitude.

A Eucaristia é também um tesouro escondido. Tanto que passa despercebida, inclusive para nós que frequentamos a missa com assiduidade. Escondida entre as coisas mais triviais: o pão e o vinho. Aqui se esconde todo o insondável amor de Deus por nós. Só teremos a experiência deste Amor, se começarmos a demonstrar amor aos irmãos, em especial, aos mais débeis.

E nós já descobrimos esse tesouro? Desde que descobrimos a Cristo, o que mudou na nossa vida, no nosso modo de pensar e de falar, e no nosso relacionamento com os outros e com as coisas? Que renúncias nós temos que fazer ainda? “Onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração” (Mt 6,21). Será que por algum bem material, ou por alguma posição social abandonamos Jesus Cristo, o nosso tesouro incalculável? Muitos são os esforços que fazemos para encontrar o que nos falta: trabalho, dinheiro, prazer, cultura e assim por diante. Hoje, podíamos perguntar se existe o mesmo esforço para encontrar a Verdade no sentido de uma verdadeira visão da vida. Sem dúvida que esta é uma das crises mais profundas da nossa cultura: tem-se de tudo, mas carece-se do essencial: uma visão geral do homem no cosmos que lhe permita situar-se como homem.

Pe. Carlos Correia

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