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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

CARTA AOS DOENTES E AOS QUE CUIDAM DELES

 Irmã e irmão doente,
um dos pontos de honra da Igreja é reconhecer a todos uma igual dignidade. Para nós, não há importantes e descartáveis, valiosos a promover e desprezíveis a rejeitar, como faz uma certa cultura e determinados setores que a adotam. E se reconhecemos essa igual importância, dedicamos especial esforço a «promover» aqueles a quem as circunstâncias da vida colocaram em situação de maior fragilidade.

Por isto, para além de tudo o que os nossos organismos fazem pelos mais débeis, a Igreja criou uma data que vos é especificamente dirigida: o Dia Mundial do Doente, celebrado a 11 de fevereiro. Não é só para vos «lembrar», pois temo-vos presentes na nossa mente todos os dias do ano. Criamos o «Dia» para recordar que a doença faz parte da nossa natureza biológica, que todos somos reais ou potenciais doentes, que as pessoas se humanizam quando fazem suas as dores dos outros, que a condição humana é a de cuidar, enfim, que a cura acontece com muito saber humano e recurso a muitas técnicas, mas com não menor dedicação, empatia e carinho.

Por isso, com esta jornada, pensamos em vós e em todos. A vós, desejamos pronta recuperação, muito ânimo e muita esperança, conforto e acompanhamento solícito por parte daqueles que fazem parte do vosso leque de relações, especialmente a família direta. E se sois crentes, que tomeis consciência de que é com sacrifício que acontecem as grandes realizações humanas, que ofereçais as vossas dores como direta participação na obra redentora de Cristo, que façais oração a partir do sofrimento.

À sociedade, em geral, e aos que trabalham no setor da saúde, em particular, queremos agradecer a solicitude e o muito que já realizou para minimizar a dor e fomentar o que se convencionou chamar “qualidade de vida”. Contudo, também pedimos que não se desista de conseguir mais. Mais em tudo: nos recursos humanos e materiais, no aperfeiçoamento do sistema, no investimento prioritário, etc. Mas, fundamentalmente, na humanização, na ternura, na consciência global de que a saúde é o estado de bem-estar completo, no qual não podem estar ausentes as dimensões relacionais, afetivas, éticas, espirituais e religiosas.

Enfim, que todos se convençam que jamais haverá efetiva “qualidade de vida” sem a crença e a promoção de uma real “santidade de vida”. Só assumindo esta se encontra motivação para fazer o que houver a fazer pela outra. E, infelizmente, não são muitos os que descobrem isto, como se confirmou há poucos dias.

Rezo por vós e invoco de Deus a sua bênção sanante. Rezai também por mim.

Vosso bispo e irmão,

+ Manuel, Bispo do Porto

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