Falta do luto após a morte de um ente querido pode criar "feridas profundas"
A pandemia da COVID19 chegou ao país há cerca de um ano e, desde aí, vários foram os costumes que mudaram. Deixaram de se fazer encontros e confraternizações de família e amigos, o uso de máscara passou a ser uma obrigação e várias tradições foram alteradas. Num mundo pré-pandémico, era habitual velar-se um ente querido aquando o seu falecimento. Contudo, nos últimos tempos, a realidade é muito diferente e o luto, muitas vezes, não tem sido feito da forma correta.
Paulo Teixeira é capelão no Hospital de São João, no Porto. Em entrevista ao Jornal A VERDADE, afirmou que a falta do luto “cria feridas profundas", podendo, inclusive, deixar “traumas e dúvidas. Há até quem se sinta culpado e quem não consiga aceitar ou reconstruir a sua vida a partir das suas emoções”.
O sacerdote, natural de Marco de Canaveses, disse ser “uma dor muito grande” o facto de não poder ser feita a habitual cerimónia e a habitual despedida do ente querido. “As pessoas não se podem despedir, quase que não acreditam que aconteceu. O facto de não ser possível acompanhar todo o processo, de forma presencial, como era hábito, de não ver o ente querido na urna e de não se fazer as habituais exéquias deixa marcas profundas nas pessoas”, considera.
De acordo com o capelão, todo o processo do luto traz consigo “medo, tristeza e insegurança. É normal acontecerem alterações psicossomáticas, mesmo a dor de cabeça, o mau estar físico, a falta de energia, é comum. E, nesta fase, isso não está a acontecer, deixando traumas mal feitos”.
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