Carrega consigo os derradeiros passos,
Gestos, palavras e olhares de Jesus,
Sobre o árido chão da Palestina,
E sobre o chão duro do nosso coração,
Num pesado concentrado
De dor e de amor.
Mas tudo fica condensado
Nas três horas da tarde desse dia,
Pois é essa a hora que guarda o «grito grande»,
Seguido da morte para a vida de Jesus.
Aquele «grito grande» é o sinal claro
De que Jesus não está sedado,
Anestesiado ou inconsciente,
Mas continua ali,
Naquela Cruz,
Bem presente e consciente,
Vivo,
E que quer viver a sua entrega de dor
E de amor até ao fim.
É o cálice a Ele dado pelo Pai,
Por amor.
Aquele sofrimento extremo é, portanto,
O sofrimento por amor dado,
E por amor recebido,
E não imposto e apenas suportado.
Quanto amor é necessário
Para reconhecer na dor e no sofrimento,
Não uma coisa para doer e estoicamente suportar,
Mas um dom extraordinário do amor do Pai,
Uma promessa de luminosa fecundidade e felicidade!
Senhor deste Dia imenso,
Ensina-nos a encher de amor intenso,
A transbordar,
Cada passo,
Cada gesto,
Cada palavra,
Cada olhar!
D. António Couto
Sem comentários:
Enviar um comentário