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quarta-feira, 15 de maio de 2019

CAMINHADA DOS CATEQUISTAS

No passado soalheiro e radioso dia 27 de abril, um grupo de corajosos catequistas e familiares rumou até Arouca para realizar a tradicional caminhada que, além do convívio, boa disposição e partilha, é um momento de retiro e comunhão com Deus e a sua obra – a natureza - dando graças pelo dom da vida.
Este ano, caminhou-se pelo “Trilho do Ouro Negro”, já experimentado por estes caminhantes em tempos, num dia muito chuvoso. “Ouro Negro” é o nome dado ao Volfrâmio, minério explorado pelos ingleses e alemães nas grutas da região e utilizado na indústria bélica durante a II Guerra Mundial. Inimigos em campo de batalha, partilhavam a fonte das suas armas… Dá que pensar!
Depois de carregar as baterias ao pequeno almoço, no centro histórico de Arouca, chegou-se ao lugar da partida: a Capela de Santa Catarina de Fuste. Aqui, recordou-se a celebração da missa pelo Pe. Paulo com o grupo de catequistas, no primeiro ano que fizeram o trilho.
 
Iniciou-se a caminhada, passando pelas casas da aldeia. Fomos muito bem recebidos pelos habitantes locais e pelos seus cãezinhos!
Ao entrar nos campos, verdes e floridos, fomos abraçados por um imenso céu azul e pelas montanhas que majestosamente se erguem na sua direção. Aguardava-nos um dia de muito calor apesar de, àquela hora, ainda serem reconfortantes alguns agasalhos.
Seguimos, um a um, em fila, como em grande parte do percurso que tínhamos pela frente, dada a passagem ser estreita. Os regatos passavam pela vegetação e pelas pequenas rochas que nos serviam de apoio. Facilmente, ups!, lá mergulhava um pé, o que levava às gargalhadas de quem ia à frente e atrás!
Dada a altura dos arbustos e de outra verdura, a sinalização e o trilho não eram percetíveis e perdemo-nos pela primeira vez. A disponibilidade e amabilidade de uma agricultora levou-nos, novamente, ao caminho certo e continuamos, assim, o nosso caminho.
A primeira fase do percurso não foi nada fácil!
Caminhámos sobre rochas chamadas “Quartzodiorito de Arouca”, da família do granito, que são conhecidas por rochas “em casca de cebola”. A ação dos agentes erosivos leva à “descamação”, como uma cebola, ficando os blocos mais pequenos e arredondados por libertação das camadas externas.
Ora, devido ao declive das vertentes, às camadas de rocha soltas e por muitas estarem molhadas pela abundância de água do local, o que nos valia era a “mão amiga” da vegetação que nos acompanhava ao longo da descida e o apoio dos catequistas que iam à nossa frente ou atrás de nós. 
Foram muitas as peripécias nesta primeira etapa, muitos trambolhões e risota, mas acima de tudo, espírito de ajuda e a sensação de que “ao menino e ao borracho põe a mão Deus por baixo”!
Chegámos, por fim, à estrada que nos abria caminho a uma longa subida, onde encontramos vestígios dos incêndios que nos apagaram a sinalização – e foi quando nos perdemos pela segunda e última vez! Alguns pequenos pinheiros ainda sustentavam fragilmente, depois dos incêndios, as pinhas… Uma lição de resiliência para as nossas vidas.
Num compasso de espera, para percebermos que caminho tomar, ainda pudemos descansar um pouco. O sol começava a queimar…
Retomamos a caminhada e, mais adiante, fomos convidados a “passar a ribeirinha”. Quem pôs o pé, pois claro, “molhou a meia”! Não faltou a boa disposição e, até, algum alívio porque sempre pudemos refrescar um pouco! 
A subida continuou e, metros à frente, começamos a descer pelas rochas. Ao olhar para baixo, não conseguíamos ver além das cascatas e da frondosa vegetação natural. Como nos sentimos pequenos rodeados por tanta beleza! A inclinação assustava, mas sentíamos que nada nos iria acontecer de mal: “Confiarei no meu Deus! Ele conduz-me, não temo; vai comigo a caminhar!”.
Depois de passarmos uma pequena ponte de madeira, e já com o pensamento das merendas que cada um trazia, iniciámos outra subida que parecia não ter fim. Sempre com cuidado, sempre atentos a quem precisava de auxílio, sempre prontos a ajudar! Mais uma vez, em filinha, pois não tínhamos espaço para mais!
De repente, encontramos uma zona plana – “Senhor, como é bom estarmos aqui. Façamos três tendas…” E fizemos uma tenda para descanso do Zé! Toalhas postas e não faltou o apetite!
Diz o ditado popular “Merenda comida, companhia desfeita”, no entanto, a companhia não se desfez e continuamos a descer, agora mais descansados e com um terreno mais favorável, rumo à povoação, pois ainda nos faltavam visitar as grutas do Ouro Negro. Na povoação, foi tempo de um cafezinho para termos energia suficiente para a chegada às grutas!
Chegados às grutas de Ribeira de Frades, aguardamos por quem vinha mais atrás e, todos juntos, atravessámos, de lanternas acesas. Do outro lado, águas límpidas confluíam numa cascata. Naquele local e após horas de caminhada, conseguimos entender como é bonita a obra de Deus e como é importante que nos consciencializemos para a sua proteção e preservação. Que os nossos olhos possam observar estas maravilhas durante muitos anos e que, a cada dia, tenhamos atitudes ecológicas para o bem da natureza e da humanidade.
 
No regresso e antes de voltarmos para a camioneta, descansamos um pouco! Foi merecido, ou não doessem já as pernas!
Mais tarde, tivemos um maravilhoso jantar no “Restaurante do Pedrógão”, onde reinaram as maravilhas da gastronomia portuguesa da região, desde o fumeiro, pão e queijo, à vitela e javali assados, culminando com leite-creme e sopa seca (tradicional de Arouca). Foi uma bela recompensa, depois de tanto esforço!
Como é habitual, no fim do jantar discursaram os novos participantes e todos eles prometeram caminhar no próximo ano. Realmente, quem vai uma vez, vai sempre, “nem que seja de andarilho”, como já ouvimos de algumas catequistas.
Resta dar graças a Deus pelo dia maravilhoso, sem chuva e luminoso, pelo convívio fraterno entre todos, pela comunhão com a natureza, por termos chegado bem e com saúde a casa… E, sem esquecer, agradecer a toda a equipa que, ano após ano, organiza a “Caminhada dos Catequistas”!
 Trilho do Ouro Negro (Arouca) – 27 de abril de 2019
Fotos e texto: Tânia Leitão 

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