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quinta-feira, 9 de maio de 2019

JEAN VANIER E O MISTÉRIO DA FORÇA FRÁGIL

Jean Vanier morreu na noite de anteontem, após vários meses de doença, vivida com um grande desejo de vida, mas também confrontando-se lucidamente na fé com a sombra da morte. Escreveu num texto, pleno de sabedoria existencial: «Nas sociedades atuais é impressionante o nexo existente entre a recusa de olhar a morte nos olhos e um grande medo da fecundidade». O fundador d’A Arca e do movimento Fé e Luz colocou a fragilidade no centro: a amizade com os pobres, os deficientes, os feridos da vida. Escolheu a fragilidade como modalidade de presença nas encruzilhadas do mundo: a fragilidade da sua figura simpática mas despojada; a pobreza e a amizade que o caracterizavam; a fragilidade da palavra, sem retórica mas capaz de tocar o coração.
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Testemunha da compaixão, vivida na relação pessoal, Vanier seguiu preocupado o crescimento dos ódios e dos muros: «Na base de todo o muro, o medo», afirmava. A sua rica experiência da humanidade dos séculos XX e XXI levava-o a dizer quanto o mundo contemporâneo está repleto de medo e, portanto, de violência. Vivia no terreno em relação estreita com os pequenos, mas tinha um olhar amplo sobre o cenário internacional com uma “geopolítica da compaixão”, nunca abstrata ou banal, nunca resignada, mas partícipe das dores na esperança de um mundo mais fraterno. Estava convicto de que era possível construí-lo, partindo do pequeno e da amizade, da “pedra rejeitada” que se torna pedra angular de uma nova construção social.

Após o 11 de setembro sentiu-se desafiado. Vê-se isso num denso livrinho sobre a paz, em que denunciava o crescimento dos preconceitos e dos conflitos entre religiões, culturas e pessoas. Escreveu então com palavras que são como um testemunho de “otimismo” evangélico: «O futuro do mundo está nas nossas mãos. Depende do nosso empenho em trabalhar juntos com os outros pela paz. Construir a paz é redescobrir uma visão, um caminho de esperança para toda a humanidade». Não se está condenado à impotência perante os grandes cenários do mundo ou forças esmagadoras: do pequeno, do marginalizado, da opção diária de cada um, parte uma força imparável de paz e transformação, da parte dos pobres e dos humildes.


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