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domingo, 13 de setembro de 2020

XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Eclo 27,33-28,9
Sl 102(103)
Rm 14, 7-8
Mt 18, 21-35

PARA AMAR DE VERDADE TEMOS QUE APRENDER A PERDOAR SEMPRE

Na Bíblia há dois atributos básicos de Deus que são a justiça e a misericórdia. Na Bíblia Deus usa muito mais a misericórdia do que a justiça. Por isso, o Papa Bento XVI escreveu na sua encíclica: 

“O amor apaixonado de Deus pelo seu povo – pelo homem – é ao mesmo tempo um amor que perdoa. E é tão grande, que chega a virar Deus contra Si próprio, o seu amor contra a sua justiça. Nisto, o cristão vê já esboçar-se veladamente o mistério da Cruz: Deus ama tanto o homem que, tendo-Se feito Ele próprio homem, segue-o até à morte e, deste modo, reconcilia justiça e amor” (Deus Caritas Est, nº10). “Agora o amor já não é apenas um ‘mandamento’, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro” (Idem nº1b).

O Evangelho deste Domingo é a segunda parte do Sermão sobre a Igreja (Discurso sobre a vida comunitária). Um dos maiores desafios para quem vive em comunidade ou em qualquer tipo de convivência, como também na comunidade de Mt, é o perdão. A sobrevivência de qualquer comunidade humana ou de qualquer convivência depende da capacidade que os seus membros têm de perdoar. Sem isto, não há comunidade ou convivência que possa subsistir por muito tempo. O perdão refaz as pontes, encurta as distâncias e desarma os espíritos. Quando a pessoa deixa de perdoar, ela se torna refém do próprio ódio ou rancor, e consequentemente perde a liberdade. O perdão é que possibilita a própria existência e a continuação da comunidade ou de uma convivência. Sem perdão não existe vida fraterna, vida conjugal, vida familiar ou vida comunitária. E de modo especial, devemos estar sempre conscientes de que a comunidade cristã (ou qualquer convivência humana) é constituída de homens que são ao mesmo tempo santos e pecadores e que só continuam vivos porque Deus renuncia à vingança. Se Deus respondesse às ofensas humanas, às nossas ofensas, eliminando o pecador, sem dúvida nenhuma, boa parte da humanidade desapareceria. Por que nós, seres humanos pecadores temos tanta dificuldade de perdoar, enquanto Deus que é santo tem a facilidade de perdoar? Será possível que consigamos chegar um pouco à santidade de Deus à qual todos somos chamados? (Cf. Mt 5,48). Isto nos leva a perguntar ou a questionar sobre a autenticidade da nossa vida espiritual. Os exercícios da vida espiritual: as orações, as leituras e as meditações sobre a Palavra de Deus, as missas celebradas ou participadas, têm transformado nossa convivência para uma convivência mais fraterna?

Quem perdoa e é perdoado hoje, sempre tem possibilidade de voltar a pecar amanhã, porque nossa fidelidade a Deus pode não ser definitiva. No entanto, sempre que nos convertemos e voltamos arrependidos, encontraremos um Pai bondoso e misericordioso para nos acolher e perdoar. A simples consciência da grandeza do perdão recebido de Deus devia ser o suficiente para motivar cada um de nós a perdoar.

Um homem escreveu: “Quereis ser felizes por um instante? Vingai-vos! Quereis ser felizes para sempre? Perdoai!” (Tertuliano). 

Será que somos felizes para sempre? Ou será que tem ainda alguém que ainda não perdoamos? Se for assim, escutemos novamente o que disse Jesus no Sermão da Montanha: “...se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta” (Mt 5,23-24). 

Deixemos hoje as seguintes interrogações que podem complementar a interrogação de Pedro no Evangelho: 

1). Eu em relação aos outros no perdão: 

Quantas vezes eu tenho que perdoar os outros? O que é que eu tenho que perdoar nos outros? Eu devo colocar um limite para o perdão que eu devo dar aos outros?

2). Os outros em relação a mim no perdão: 

Quantas vezes os outros me devem perdoar? O que eles me devem perdoar? Os outros devem colocar um limite para o perdão que eles me devem dar?

Pe. Carlos Correia

Foto: Internet

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