Veio a público, o encerramento do Colégio de Poiares, dirigido, pelos Salesianos, onde estes, imitando o apóstolo da educação da juventude pobre e desprotegida, São João Bosco, com ajuda dum prestigiado corpo docente de bons educadores, davam a tantos Jovens Pobres a educação esmerada, que os ia preparando, para a vida em sociedade.
O Colégio, bem apetrechado, está situado, em Poiares, no cimo dos socalcos durienses. Mais de metade dos alunos do histórico e benemérito Colégio recebiam apoio social escolar. Continuava graças ao contrato de associação. Agora, com o seu encerramento, quem perde são os pobres. O interior do país, já exausto, sem gente e sem meios, fica mais pobre e recebe o golpe de misericórdia, condenado ao desprezo e abandono.
Não digam que é por razões económicas, que o Estado deixa de apoiar alunos pobres, na instituição de referência, que os pais escolheram, como é legítimo que escolham, para os filhos. O Estado vai até pagar mais, por serviço pior, e, sobretudo, não cumpre o que é seu dever, pois não pode nem deve sobrepor-se às famílias, nem às pessoas, que lhe são anteriores. Deve ajudar as famílias a escolher para os filhos a educação, que os pais livremente desejarem. Há deveres primordiais esquecidos e terrivelmente adulterados. E há injustiças sociais de bradar aos céus.
Com atitudes destas, o interior esvazia-se. Os pobres são preteridos e abandonados. Não há quem veja a desolação e a miséria em que nos afundaram. Somos vítimas de decisões ditatoriais, irresponsáveis e demagógicas. Não importa que os alunos sejam obrigados a ir para piores escolas e com piores serviços, contra a vontade dos pais, integrados, em turmas, que custam mais ao Estado. O que conta é a cor da bandeira, a ideologia, que preside à agonia do interior de Portugal, já, há muito, moribundo.
Nas cidades e regiões, onde há gente e uma classe média consistente, que pode pagar o ensino dos filhos, decisões destas podem ser contrariadas, por pais voluntariosos. Aqui, em Trás-os-Montes, no interior de Portugal e nesta região duriense, abandonada e martirizada, isso não é possível. Resta a submissão à decisão de não permitir outra alternativa ao que o Estado soberanamente decidir, ainda que se saiba que decide mal e, desgraçadamente, decide contra os pobres, porque são estes sempre a sofrer.
Com medidas destas e outras quejandas, preparem-se, para o funeral do interior do país esquecido, terrivelmente injustiçado, onde os pobres gritam e ninguém os ouve. As injustiças e o abandono a que fomos votados, em termos de educação e de saúde, são de bradar aos céus. Como portugueses de segunda, bem merecíamos outra sorte. Assim, me confirmo, inteiramente solidário, com as famílias pobres e com o direito, que têm de escolherem para os filhos a educação, que entenderem dever dar-lhes.
+ Amândio José Tomás, bispo de Vila Real
Sem comentários:
Enviar um comentário