Passeio muitas vezes por aquele tempo puro,
Tempo cheio
E não apenas meio,
Cheio de luz, algumas vezes escuro,
Cheio de fontes, estradas, horizontes,
Casas sempre com recheio.
Sim, naquele tempo puro ainda o lume ardia
O amor doía,
O moinho moía,
O insonso não existia,
E parece que nem a indiferença,
A insensatez, a anestesia.
Sim, naquele tempo cheio,
E não apenas meio,
Nunca o vi vazio,
Havia lá um rio
Sempre ali por perto,
Que transformava o deserto em regadio.
Sim, naquele tempo belo,
Eu passeava pelo Evangelho,
E encontrava lá Jesus,
A contar um a um os lírios do campo,
Para ver se lhe faltava algum.
Senhor Jesus,
O tempo em que vamos hoje está cheio de vazio,
E há tantos que andam pela vida ao desvario,
Tristes, cansados, desanimados,
Como ovelhas sem pastor.
São estes meus irmãos que eu hoje te confio:
Trata as suas feridas,
Cura a sua dor,
E enche o seu coração de paz e de amor.
D. António Couto
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