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terça-feira, 11 de agosto de 2020

SANTA CLARA

Quando situamos a vida de Santa Clara no contexto histórico do século XIII, somos lembrados de como eram turbulentos os tempos na Igreja, quando grupos como os cátaros e albigenses desafiaram a riqueza de bispos e restante clero com o seu próprio testemunho de maior austeridade.

As novas ordens mendicantes organizadas por S. Francisco e S. Domingos distinguiram-se daqueles grupos, considerados heréticos, ao serem aprovadas pelo papa, colocando-se sob a autoridade de Roma. Quando S. Francisco acolheu no seu grupo Clara, de 18 anos, teve de a colocar, e às suas seguidoras, em mosteiros beneditinos, para proteger o seu estatuto de religiosas. Santa Clara de Assis viveu enclaustrada, sobrevivendo 27 anos a Francisco, até à sua morte, em 1253.

Apesar dos esforços hagiográficos para romantizar esse período, o extremo sacrifício pessoal de Clara e Francisco para afirmar a pobreza de Cristo mostra o quão urgente era a necessidade de reforma para restaurar a autêntica missão evangélica da Igreja. Como profetas, concretizaram a obediência exibida por Ezequiel na primeira leitura de hoje (2,8-3,4), ao consumirem um manuscrito que declararam doce como o mel, e que, na realidade, confrontou a Igreja com as suas falhas e a necessidade de conversão.

No Evangelho de hoje (Mateus 18,1-5,10,12-14), ao colocar uma criança no meio dos seus discípulos, Jesus também confrontou os seus sucessores, papas e bispos, com Clara e Francisco enquanto modelos do verdadeiro espírito cristão. A sua santidade simples revelou o rosto do Pai dos Céus em contraste com os valores distorcidos que tinham infetado a Igreja oficial do tempo.

O preço do discipulado não diminuiu. Tempos perversos requerem coragem heroica para conter os efeitos da riqueza e da corrupção em culturas e sistemas inteiros, que causam grande dano e sofrimento a tantas pessoas. Exemplos de sacrifício e serviço na oposição à guerra, ao racismo e à pobreza são necessários para confrontar os falhanços institucionais e a cumplicidade que alimenta. Honramos os santos ao rezar para que os imitemos.

Quando Jesus viu que os seus discípulos precisavam de renovar a sua esperança no poder de Deus para que fizessem o impossível, colocou uma criança no meio deles e disse: aqui está o vosso modelo e a vossa motivação. Quem recupera em si a maravilha e a inocência de uma criança encontrará o Espírito de Deus. Quem quer que acolha e cuide daqueles que são vulneráveis como crianças, conhecerá o poder de Deus para criar um mundo digno delas.

Santa Clara de Assis, ora por nós.

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