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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"LEVI-LEVI"... A VIDA "LEVE-LEVE"

Por Rafaela Gonçalves: Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010 às 21:09
Acabo de vir de uma missa vespertina na Roça Ponta Figo. Que paisagem… louca! Até tira a respiração. Uma capela pequenina, onde não cabem 20 pessoas, não tem sacristia… mas um tecto lindo com estrelas, portas trabalhadas… e a Nossa Senhora da Conceição como padroeira. Lembrei-me do Monte da Virgem… e das vezes que lá procurei força e inspiração para os incómodos da minha vida. Sempre achei aquela vista fenomenal e inspiradora… neste momento, perdoem-me, aquele local é minúsculo, comparado a esta Ilha de 854km2, comprimento de 65km e largura de 35km – GIGANTE!!). Fico sempre fascinada… fui a um miradouro e só disse: Santa Mãe! Segurei a respiração… é indescritível! A paisagem, o verde, os verdes, a vida que corre pela ilha… o mar… a vida.
A vida, essa? É das virtudes mais irónicas que conheço… sempre que dá algo, tira uns quantos…Bem, enquanto esta malfadada não me tira o meu “Bom Sucesso”, continuo no meu humilde testemunho de missão. (ah! Grande mentira… pois só pretendo fazer inveja, pois esta experiência tem sido divinal… fazer inveja, inveja… Ena! Ché)
A semana tem sido a correr, pois o tempo escasseia, os projectos são muitos… e os miúdos, aplicam-se, meus amigos, eles já pintam bem, eu vou repetir… já pintam! Já fizeram plasticina, anjos… e variados desenhos de pintura, actividades motoras… e, agora a melhor parte: cantam! Não sei como. Mas cantam! Tenho trabalhado horas extras, para ter tudo pronto, para a festa de natal e para a exposição, que não estarei presente. No dia da minha partida será a festa. A exposição de trabalhos…. A actuação deles… os trabalhos… como têm progredido… e como têm embarcado nas minhas loucuras… coitados. Coitados, não! Sem opção!
Bem, já fizemos anjos (eles cortaram todos os pedaços, corpo, cabeça e asas – tinha de haver asas!) e eu colei, decorei e inventei. Esta falta de materiais, leva a que tenha de andar no lixo… e depois, é engraçado, que as pessoas riem-se de eu pedir para guardar os pacotes de leite, as latas, garrafas, rolos de papel higiénico… aparas de lápis. E, invento. O projecto inicial, nada tinha a ver… mas fez-se anjos para os meus diabretes.
Agora, bordo… é verdade, aprendi (muito mal!! Mas muito mal mesmo) a bordar. Deu-me na triste ideia, bordar o nome deles num gato… bordar os olhos, os bigodes, a boca, as orelhas, o nariz…. Bem… Santa Mãe!! O que não me rio, a bordar… a Irmã Marisa tem sido uma ajuda imprescindível… faltam tantos…. Bordados!! Por Amor da Santa! Pois eles escrevem a caneta, e com erros, os seus nomes estranhos nas batas (Euridicia! Até hoje não consigo pronunciar correctamente… mas ela sabe que é para ela quando digo Euridi… euri…)
Agora, estamos nos postais de natal… e falta… falta… ah! Não digo… mas será algo. Bem, Que a Santa Mãe esteja comigo! É cada ideia… A vida corre, os diabretes voam directamente aos meus calções brancos… e a minha cinta… e, no domingo, amigos pobre de mim, não fui à praia.
Fui, festejar o Dia Mundial da Juventude Católica, na Roça Agostinho Neto…. Por Amor da Santa… que dia…. Começou cedíssimo. Às 6h30, já estava pronta e á espera, 220 pessoas foram em hiaces (carrinhas de nove lugares de transporte publico), camionetas, camiões, motas, o Land Cruise (para transporte das Irmãs e seu séquito). Tanta animação, eucaristia ao ar livre presidida pelo Sr. Bispo de São Tomé, Manuel António (original de Lamego), animação à tarde, sol, chuva… bem, e eu louca, completamente, provo tubarão!
O resultado… é visível… chego a casa, não tenho luz nem água, durmo completamente imunda… às 19h… mas acordo às 5h da manhã, tomo banho, mudo a cama (lógico!), tomo o pequeno almoço, vou para a escola à 7h… e às 7h30 já estou na cama, por Amor da Santa… estive tão mal… que dormi seguido até ao dia seguinte.
Na terça levantei-me, e decidi sair de casa, estava tão “bem” que fui fazer o despiste de paludismo (bem, até a doença foge de mim!)… quarta, tenta-se recuperar… e continuar. Todos cismam que devia estar na cama, a descansar… mas a descansar??? Com tão pouco tempo… e tanto para fazer? Não! Os miúdos diabretes só dizem: “ché, a Rafaêlha está doente, boca calada!”… fazem mais barulho a mandar calar… mas conta a intenção! Pelo menos, sabem estar calados… pena só agora ter descoberto como os manter calados… agora! É impressionante… como do nada, eles fazem festa. De nada, eles dão valor. Com o nada… dão tudo. A vida… essa, foge de mim… e dá… e tira… e eu, recebo e guardo. Espero… esperançada.

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