Louvado sejas, meu Senhor,
Por tantos irmãos e irmãs que me confiaste,
Pela beleza que semeaste nas tuas criaturas,
Que a toda a hora e em todas as alturas
Olham para Ti e olham para mim,
À espera que delas cuidemos com ternura.
É assim a irmã terra, nossa casa comum,
Que tantas vezes maltratamos,
Alterando os seus ciclos naturais e a sua felicidade,
Os seus ecossistemas e biodiversidade,
Para mais rapidamente lhe explorarmos os recursos,
Água e minerais, plantas, frutos, florestas, animais.
Em nome do lucro fácil e rápido,
Acendemos fogueiras de poluição,
Asfixiamos a respiração da nossa terra irmã e mãe,
Somos vorazes, cheios de volúpia e delapidação,
De “rapidación” ou “rapidação”,
Que é a aceleração dos ritmos naturais de produção
Da casa comum que habitamos.
Montes de lixo é a marca que deixamos
Na nossa bela terra que geme
sob pesados tapetes de asfalto e empedrado.
Mas geme também a floresta derrubada,
A fauna dizimada,
Os filhos não nascidos,
Os pedaços de terra abandonados, desertificados,
E gemem os pobres da nossa bela terra descartados.
A arte do descarte fez de nós ferozes predadores,
Insensíveis às flores e às lágrimas seja de quem for,
Nenhum amor move estes senhores,
Só a posse da riqueza nos fascina e nos ensina,
Não conhecemos outro professor ou professora,
Nada sabemos de «nossa senhora, a santa pobreza».
Como te estragámos, querida terra, irmã e mãe,
Como te explorámos,
Como te contaminámos
Com as nossas mãos vorazes e dominadoras!
Como acelerámos a pulsação do teu harmonioso coração!
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela bela, perfumada e colorida irmã terra que nos deste,
Nossa casa comum.
Ensina-nos, Senhor, a recebê-la de Ti,
A mantê-la limpa e asseada,
A respeitá-la como criatura tua e nossa irmã,
A amá-la por ser tão bela e carinhosa.
D. António Couto
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